DIVINO ESPÍRITO SANTO DE DEUS!

Divino Espírito Santo de Deus, que derrama sobre todas as pessoas as graças de que merecemos, hoje e sempre nos acompanha nas trajetórias de nossas vida. Amém.

domingo, 31 de agosto de 2008

A POLITICA ANTIGA DE BATURITÉ


LANCES DA POLÍTICA ANTIGA DE BATURITÉ (II)

Mario Mendes Junior

O Dr. Álcimo, chegado a Baturité em 1945, mostrou-se um médico muito generoso e humano, sendo o único clinico que havia na cidade para atender a população urbana e do campo. Toda quinta feira dava atendimento gratuito no primitivo Ambulatório Santo Antonio, ao lado da Irmã Clemência. (Bessa, Murilo Alves. Irmã Clemência. SED. Fortaleza. 1991)
Escolhido para pleitear a prefeitura pelo PSP, além do apoio total do diretório, a candidatura do médico cresce com adesões importantes de figuras como as dos comerciantes José Mesquita, Alfredo Xavier, José Olavo Silveira, e dos jovens de então, como Clélio Silveira Barros, Carlos Simões e Ademar Moraes Barros que chegavam para engrossar e se integrar na luta presunçosa.
Na sede do comitê, na Rua 15 de novembro, esposas, filhas, amigas e afinal toda família pessepista, ensinavam os eleitores analfabetos a escrever o nome, para sem despesas, sem trabalho, e, sem nada, adquirir “os direitos de cidadão”.

- Vocês tão querendo alistar nóis pra quem? Perguntavam os novos eleitores diante de “tanta vantagem”.

- Para o Dr. Álcimo, mas uma vez alistado, pode votar em quem quiser. Respondiam as voluntárias

O negócio era assim, só não trabalhava para o Dr. Álcimo, os funcionários públicos municipais e estaduais, isso, com medo de perder o emprego.
No auge da campanha, trazido pelas asas de um anjo, para dar moral à campanha, acontecimento que nunca saiu da memória do povo à loja do presidente do partido, Mario Mendes, chega de surpresa o sanfoneiro Luiz Gonzaga. O Rei do Baião, “trazia no seu matulão”, Humberto Teixeira, o parceiro de “Asa Branca”, a postulante de uma vaga na Câmara Federal pelo PSP.
Imagine-se o brilho do comício improvisado, em frente à loja Nova Aurora, num dia de feira, com o Gonzagão, agitando a matutada nos intervalos de discursos inflamados.
Ao resfôlego da sanfona, brincando com os transeuntes, sai a pilhéria dirigida a um serrano que passava montado numa burra:

- “Te apeia Mané Besta! Pra quando tu chegá em casa... Dizer... Eta muié... Lavei a égua... Pois num é que vi o Gonzaga cantá!”.

O entusiasmo dos emergentes, nessa altura, não escondia o amadorismo político de candidatos à vereança como o Zé Mesquita, que, julgando-se já eleito, passou a enjeitar novas adesões. Aos que lhe pediam chapa, mandava-os, até, votar nos seus próprios competidores.
Bisonha, a nova força não imaginavam o que lhes preparava os profissionais do poder!

(*) Mario Mendes Junior é Bacharel em Direito e Empresário.

( DE RESPONSABILIDADE DO AUTOR)

sábado, 30 de agosto de 2008

A POLÍTICA ANTIGA DE BATURITÉ ( 1ª parte )


A POLÍTICA ANTIGA DE BATURITÉ (I)
Mario Mendes Junior
No governo de Faustino de Albuquerque (1947-1951) a política do Ceará pega fogo quando a Assembléia, através de voto indireto, elege o inimigo e adversário de véspera, Menezes Pimentel, para vice do governador, e, este, por desafronta, usou a máquina do governo para fazer prefeitos udenistas. Nesse ambiente de fornalha Faustino, ao satisfazer seu desejo, esquenta a rivalidade dos caciques municipais, e, por conseqüência, abriu caminho para as forças políticas emergentes.
Quando os lojistas Mario Mendes e Mesquita Pinheiro, o relojoeiro José Farias, o industrial e comerciante José Ricardo da Silveira, o farmacêutico Oziel Rabelo e o contador José Francelino, retornaram de Paulo Afonso, onde, em excursão, foram conhecer a cachoeira, encontraram Baturité respirando política. O hoteleiro Canuto Ferro de Alencar, Presidente da Câmara, substituía Raimundo Viana, o prefeito efetivo, que se encontrava no exterior.
Rompia o segundo trimestre do ano eleitoral de 1950, e o aguçado espírito político do Zé Ricardo induz o grupo a se compor numa terceira força, capaz de derrotar os tradicionais donos dos colégios eleitorais, que, conflitantes, então, se denegriam em polêmicas e trocas de desaforos, pendengas, até, ficadas na memória mesma do folclore político do lugar:
- João Ramos - dizia o coronel Ananias Arruda - é tão miserável que não pinta, nem, sua casa!
A isso, em cima da bucha, o coronel João Ramos, respondia:
- É melhor ter a casa suja e a consciência limpa, do que a casa limpa e a consciência suja!
Atividade que mais profundamente atinge a vida do interior, a política roceira, não permite, a ninguém, se ausentar dela enquanto se aproximam as eleições. No calor da emulação, ao invés de se compor com um coronel, parido de gerações acostumadas a triturar a paciência do povo com a mesmice, e, do outro lado, mais um coronel que a tudo examinava sob o ponto de vista religioso, os chegado da caravana, penderam para o contrário e corroboraram a idéia do Zé Ricardo.
Acudido pelos acenos do PSP, Partido Social Progressista, de Adhemar de Barros e de Olavo Oliveira, a nova força se organiza em diretório, a saber: Mario Mendes, Presidente; Francisco Mesquita Pinheiro, Vice-Presidente; João Paulino Pinheiro, Secretário; Raimundo Castelo Silveira, Tesoureiro; Edivo Campos, José Farias dos Santos, Manoel Castelo Branco, Eliziário Gomes e Emídio Castelo da Silveira, Diretores.
Altivo até a insolência, orgulhoso até o egotismo, sem ter cargo no diretório, Oziel Rabelo, impõe, ao diretório do PSP, o nome do Dr. Álcimo Cavalcante Aguiar, como postulante à prefeitura. O nome de Zé Ricardo ficou para outra vez!

Mario Mendes Jr. Bacharel em Direito e Empresário.


Esta página é de inteira responsabilidade do autor.

sexta-feira, 29 de agosto de 2008



A CASA VELHA DA PONTE

GRACINDA CALADO


Aos domingos, debaixo das tuas mangueiras juntávamos em roda a brincar, cantar e depois correr até ao rio.

Depois em pulos caíamos no leito do rio a mergulhar e nadar. Com a agilidade da juventude, subíamos na contra-mão para pegar os cajus que teimavam em cair em nosso rosto. Que brincadeira aquela! Maravilhosa!

Nas férias enchíamos a casa de amigos e de primas e desfrutávamos todos os prazeres das brincadeiras de criança: pega-pega, dança de roda, o anel, esconde-esconde, jogo de pedras, jogos de bola, teatrinho e sem lá o que, a gente inventava, como comidinhas feitas em panelinhas de barro desfalcando os pratos do almoço preparado pela Maria.

Casa velha da ponte, das noites de lua cheia, dos coaxás dos sapos, dos ruídos dos grilos, das borboletas nas trepadeiras e nas acácias...

Casa velha do cheiro de doce de leite que a minha mãe fazia, dos bolos pés-de-moleques das comidas gostosas aos domingos, do cheiro de rapadura, das cocadas e dos beijus, das tapiocas e das frutas doces colhidas pelo meu pai.


Casa velha dos dias de chuva, dos trovões, das enxurradas, das enchentes do rio, das correntezas,do barulho das pedras rolando de rio abaixo...

Casa velha dos jardins de minha mãe, das roseiras perfumadas, dos jasmins, das margaridas, das adálias e das palmeiras...

Nossa casa era um abrigo de amor e de ternura.Hoje não existe mais, só na saudade de seus filhos queridos que não a esquecem jamais.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

COISAS DA MINHA TERRA / AS FEIRAS LIVRES)

COISAS DA MINHA TERRA
( FEIRAS LIVRES)

Gracinda Calado)

As feiras de Baturité, minha cidade natal, são realizadas aos sábados.
Desde pequena conheço essas feiras que abastecem todo povo da região do Maciço.
O movimento começa na madrugada quando os comboios se arrastam descendo a serra levando frutas, verduras, galinhas, produtos dos mais variados tipos para vender na feira.
O estacionamento fica na praça Santa Luzia, de um lado para animais do outro para caminhões e caminhonetes. Nas suas bagagens os lavradores trazem os produtos de suas lavouras como, verduras e frutas fresquinhas que são cultivadas sem agrotóxicos.
Os caminhões trazem as cargas mais pesadas como rapaduras, jacas, melancias, objetos de madeira e barro, assim como as frutas em milheiros: bananas, laranjas etc. Até flores são negociadas na feira. Os produtores locais e das proximidades da cidade levam suas confecções caseiras como roupas, chinelos, bonés, sapatos, enfeites de cerâmica etc.
Em Baturité existe desde muito tempo, já passando de pais para filhos a industria de cestos de vime e confecção de utensílios de barro, todos são vendidos nas feiras do sábado.
Esse costume dá emprego a muita gente que está desocupada; no mercado central da cidade as mulheres vendem comidas e salgadinhos, sanduíches, pães, doces e bolos.
Quem vai a Baturité não deixa de conhecer suas feiras, pois além de pechinchar um preço bom tem produtos de qualidades.
Nas feiras encontramos ainda pássaros em gaiolas ( não é permitido) peixes em aquários, aves para o abate, como galinhas, perus, patos, capotes, e até avestruz.
Em dia de feira a cidade fica muito movimentada e a praça parece dia de festa.
Em todos os cantos se ouve os gritos dos vendedores chamando a atenção dos fregueses.
Quando eu morava em Baturité gostava muito dessas feiras. Às vezes me pego lembrando das panelas de barro, potes, alguidares, da Julieta Serafim; dos milhos e feijoões verdes nas semanas santas, das pupunhas na época de férias ( que tem na serra, de origem do Amazonas). Não posso esquecer das uvas em cestinhas de vime e dos pés de moleques gostosos na época de São João.
Na minha terra tem dessas coisas! A gente fica com saudades das coisas mais simples que por muito tempo fizeram parte do nosso dia a dia.

quarta-feira, 27 de agosto de 2008




COISAS DA MINHA TERRA ( Passeio à estação)
Gracinda Calado

Lá pelos anos 50 e 60, na minha terra os jovens estudantes tinham um costume de passear na estação ferroviária. Às 9:00, chegava um trem vindo de Fortaleza com destino ao Crato.
A estação ficava lotada de pessoas que vinham assistir a passagem desse trem onde nele se encontravam personalidades importantes da política, da educação, do rádio ou do teatro cearense, como também da igreja. O trem era o único meio de transporte que ligava a capital ao sertão, o norte ao sul do estado.
Naquele momento vinham os estudantes dos colégios salesianos Domingos Sávio e N. Senhora Auxiliadora. Esses estabelecimentos de ensino ficavam perto da estação e muitos alunos no horário do recreio, matavam aulas e iam passear e flertar com as jovens lá na praça do putiú.
Na hora que o trem chegava era uma grande animação: vendedores de frutas, laranjas, uvas, tangerinas, mangas, cajus, siriguelas,como também os doces e bananas passas, que chamávamos de bananas secas.
O trem demorava na estação para abastecer a máquina que era a vapor. Geralmente era a de nº 400 que logo foi apelidada de Laura 400. Muita gente ficava triste, chorava, quando o trem partia e só deixava saudades. Aquele momento na estação ferroviária era mágico! Pessoas partiam, outras deixavam partir seus amores, outras encontravam o par ideal, muitas encontravam até casamento! Na hora da partida era muito triste. O trem saía muito devagar e as pessoas acenando com seus lenços brancos um adeus ou até breve. Tudo depois voltava ao normal. Os estudantes subiam a ladeira do “salesiano,” rumo à cidade em festa e muita brincadeira. Os moradores da rua Dom Bosco já conheciam as brincadeiras, próprias de adolescentes cheios de energia e muita saúde. Cantavam, gritavam, falavam alto e gargalhavam lembrando-se de algo que acontecera na estação. Que tempo bom aquele! Fui testemunha dessas horas maravilhosas em plena semana de trabalho e estudos.
Nossos pais não gostavam dessa atividade dos jovens. Quem podia barrar uma brincadeira tão sadia, em um lugar que não tinha o que fazer para ocupar o tempo de lazer?
O melhor de tudo era que todos eram amigos, como irmãos e a brincadeira tornava-se uma diversão.
Que tempos bons, velhos e belos, os tempos da nossa juventude e da nossa felicidade!

terça-feira, 26 de agosto de 2008

CAMINHANDO NOS SONHOS


CAMINHANDO COM OS SONHOS

Gracinda Calado

Na vida todos nós temos momentos de altos e baixos em nossas relações.
Muitas vezes nos entregamos inteiramente a uma causa boa ou produtiva.
Viajamos nos sonhos quando o amor acontece.
Somos surpreendidas pelas decepções, os medos, as traições, os desencontros.
Sonhamos e nos sonhos depositamos nossos sentimentos de maneira singela, pura, confiável.
Esses sonhos nos dão esperanças de viver, porque neles fazemos a nossa história.
Nossa caminhada no planeta é uma luta constante. Caminhamos com pessoas sempre ao nosso lado, verdadeiros anjos ou demônios.
Muitas vezes erramos, outras acertamos, assim vamos caminhando nos sonhos.
Eles nos dão forças para enfrentar a caminhada do dia a dia.
Quando sonhamos viajamos nas asas do vento, subimos até aos céus, cantamos pra lua, tecemos fios de prata nas estrelas. Viajamos nos pensamentos.
Através dos sonhos, somos deuses e coroamos reis e rainhas em nossos castelos.
Caminhando com os sonhos, damos asas as nossas inspirações, as nossas ilusões e nossas paixões.
O nosso mundo é fantástico, a nossa alma é transparente e translúcida.
O nosso corpo é leve e nossos passos mais sutis.
Voamos como os anjos e fazemos festas para os querubins.
Falamos com Deus e nos sentimos parte da sua criação.
Não sofremos nem sentimos dores na mágica do sonhar!

domingo, 24 de agosto de 2008

CIRCOS


COISAS DA MINHA TERRA
( Circos )
Gracinda Calado

Sempre nas férias de fim de ano, como era de costume, chegava em Baturité grandes e pequenos circos. Eram armados na praça da “ Boa Vista”, um bairro próximo ao centro da cidade. O caminhão chegava com todos aqueles apetrechos e começavam a armar o circo.
À tardinha o palhaço saía pelas ruas gritando “ o circo chegou! O palhaço o que é? E ladrão de mulher”. Todos atrás do palhaço gritavam, e quem gritasse mais alto ganharia uma estrada para o espetáculo. A molecada se divertia bastante com aquele movimento pelas ruas da cidade. As arquibancadas ficavam lotadas todas as noites.
Algumas garotas namoravam os “artistas” do circo e muitas vezes no final da temporada fugiam com eles para bem longe...
Os pais ficavam furiosos e mantinham a distancia com os tais “artistas.”
Muitas garotas ficavam encantadas com a performance das mulheres com aquelas roupas minúsculas, quase nuas, fazendo estripulias e malabarismos.
Geralmente, primeiro o palhaço, cara pintada, numero bem ensaiado, conquistando corações.
Depois o malabarista com tochas de fogo, bolas, pratos e tudo que se possa fazer com perfeição para agradar a platéia.
Os trapezistas se garantiam no trapézio ou na troca dos trapézios, entre dois ou três pessoas. A hora mais interessante era quando se apresentavam os palhaços, contando piadas, dando cambalhotas, fazendo mil piruetas no picadeiro.
Depois as bailarinas, apresentavam números que deixavam os homens entusiasmados e começavam a gritar...
Por ultimo o circo teatro. Uma história era contada bem dramática, mas com a participação do palhaço para atrapalhar o enredo triste.
O povo gostava dos circos na Boa Vista, exigiam respeito devido ser em frente às casas familiares. O povo gostava e até ajudava na sua estada, hospedava os artistas, o dono do circo etc. Coisas de antigamente numa cidade do interior onde as pessoas mostravam sua hospitalidade e não acontecia nada.
Hoje não se pode dar créditos aos aventureiros da arte, pois nunca se sabe quem é.
O circo era uma animação grandiosa na cidade e durante o período de férias não perdíamos uma sessão. Até hoje gosto muito do circo! Quem nunca foi ao circo, pelo menos uma vez?
Coisas da minha terra.


O CAFÉ CENTRAL


No sudeste da Travessa Mattos, em frente ao Mercado, esquina com a Rua Sete Setembro, ponto de convergência da cidade de Baturité, o Café Central, exalava, pelos quatro cantos do comercio a fragrância da rubiácea passada na hora.
Nos dias de feira, o aroma se misturava ao odor das baforadas dos cigarros ordinários dos matutos que, vindos das zonas rurais; dos povoados, das vilas das cidades satélites, efervesciam o comércio com os produtos que traziam para vender no meio da rua.
O vozeirão dos fregueses, os pigarros, os escarros, as batidas da colherinha na xícara para apressar a garçonete, nada, superava os gritos dos donos, seu Fransquim e dona Raimundinha a cobrar eficiência dos empregados.
As mezinhas de ferro fundido espalhadas no salão, com quatro cadeiras em volta, tinham, em cada uma, em cima do tampo de mármore, um açucareiro de vidro com tampa de metal. Estas quando viradas para baixo, derramavam o açúcar grosseiro que adoçava a especialidade da casa: café recém coado, puro, em xícaras pequenas, ou, com leite, em xícaras médias, acompanhado do tradicional pão passado com nata, ou, da fatia de bolo do tipo Luiz Felipe ou Souza Leão, assado na forma que delimitada o corte dos nacos.
Pioneiro o Café Central, uma vez, ensaiou, até, mudar de nome para Sorveteria Rainha, isso se deu, quando começou a fabricar o picolé Rei, produto vendido além do local, nas feiras, nos colégios e noutros pontos estratégicos, por vendedores avulsos que ofereciam a mercadoria gritando o conhecido jargão:

- Doce gelado! Abacaxi, maracujá, oi doce!

A famosa esquina teve seu momento de terror na Segunda Guerra Mundial. Nessa ocasião, ali, funcionava uma filial das Casas Pernambucanas, pertencente ao grupo Lundgren, de origem germânica. Assim, sob a gerência de Chico Campos, a loja sofreu o mesmo quebra-quebra que movimentou a nação quando da Declaração de Guerra, pelo Brasil, ao eixo Roma-Berlim-Tóquio.
Depois do saque das Casas Pernambucanas o ponto comercial sediou uma loja de João Paulino, irmão de Francisco Mesquita Pinheiro, o então dono do prédio, e, também, proprietário da “A Vencedora”, uma loja muito sortida estabelecida na principal esquina do mercado público que explorava o mesmo ramo do irmão - tecidos, chapéus e miudezas.
O Café Central teve seu dia de maior gloria quando o governador Raul Barbosa prestigiou o estabelecimento com sua presença para, lá, tomar uísque com seus correligionários, quando esteve em Baturité para inaugurar a Barragem Tijuquinha na década de 1950.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

OS ENGENHOS


COISAS DA MINHA TERRA
( Os engenhos)
Gracinda Calado

Minha cidade natal, Baturité fica ao pé da serra do mesmo nome de onde vem uma grande contribuição econômica para nosso estado-Ceará. As maiores produções são de bananas, cana de açúcar e café.
Há dez anos atrás foi a maior produtora de café do nordeste brasileiro.
Com a produção de cana, fabricam-se a rapadura, o melaço, alfenim, e a cachaça.
Nos períodos de safra alguns engenhos de cana trabalham dia e noite para dar conta da produção desses produtos.
Quando eu era garota passava minhas férias na serra em tempos de colheita de café e de moagem da cana. Levava meu tempo olhando o trabalho pesado dos operários nos engenhos até sair o produto que era o mais gostoso: o caldo de cana saboreado no próprio engenho ou em cima da bagaceira da cana que era jogada ao lado.
O mais curioso daquela época era ver as juntas de bois puxando a moenda para espremer a cana e jogar o caldo no caldeirão, para fazer o mel. Do mel, a rapadura deliciosa de coco ou com gengibre, de castanha ou natural.A sobra do mel fazia-se a batida com temperos de cravo, erva doce e gengibre. Uma especialidade da boa cana caiana.
Em outras épocas de férias assistia a colheita do café que era feita em grandes cestos de cipós, amarrados à cintura, para se usar as duas mãos na colheita dos grãos nos galhos mais difíceis. Os grãos eram vermelhos como pitangas e perfumados como morangos. Depois eram trazidos aos terreiros que chamavam de “ faxinas” para serem secados ao sol. Aqueles frutos eram “virados” duas vezes por dia (espalhados).Quando estavam completamente secos eram levados para descascar (os grãos) em uma moenda artesanal, dali ensacado e levado para torrar e moer até sair o produto final em nossas mesas no café da manhã.
Hoje usam máquinas modernas e motores para fazer o trabalho das juntas de bois, para descascar, e moer.
A produção de bananas é trazida para CEASA vendida pelo preço estabelecido.
As rapaduras são vendidas por produção na época da moagem ou negociada toda produção na Ceasa. O café é vendido também na Ceasa ou negociado para os grandes centros do país.
Minha terra tem dessas coisas!

terça-feira, 19 de agosto de 2008


DIA 16 DE AGOSTO ENCERRAMENTO DAS FESTIVIDADES DOS 150 ANOS DE BATURITÉ.

NOS SALÕES DO "BAC" ANTIGO CLUBE DA CIDADE, HOUVE UMA FESTA MARAVILHOSA AO SOM DE ZÉ MILTOM E SUA BANDA, TOCANDO MUSICAS DO PASSADO, DOS ANOS SESSENTA E OUTRAS MUSICAS PARA ATENDER A TODOS OS GOSTOS.

PARABÉNS A TODOS QUE FAZEM O "GRUPO "CONTERRANEOS E AMIGOS DE BATURITÉ" QUE PATROCINARAM TÃO MARAVILHOSA FESTA.

ESPERAMOS OUTROS EVENTOS IGUAIS QUE ABRACEM OS FILHOS E AMIGOS DE BATURITÉ DE ONTEM E DE HOJE! ASSIM É QUE SE FAZ HISTÓRIA!

LUA EM ECLÍPSE

Gracinda Calado

Esperei o eclipse lunar.
Meu coração estava aflito eu não sabia o porquê.
A lua estava mais ansiosa do que eu.
De repente tudo mudou e a lua escureceu...
Escureceu também meu coração.
Fiquei sem visão!
O que aconteceu com a lua?
O eclipse pegou-me de surpresa, afligiu meu coração.
Suspirei, chorei e a lua nem deu atenção!
Na sombra permaneceu calada, fria...
Aos poucos ela foi clareando, voltando ao normal.
Alegrei-me e sorri.
Pensei em desistir olhar a lua.
De repente sua luz brilhou fora do comum,
Uma alegria tomou conta de mim.
O brilho da lua era azul e ofuscava tanto que chorei de emoção.
A rua ficou clara como o dia, o riacho brilhava como folhas de prata ao vento da noite; os animais uniam-se em coito, as aves nos seus ninhos cobriam seus filhotes e se aninhavam esperando a madrugada.
Aquela lua era a lua mais bonita do mundo!
Tão bom tivesse todo dia um eclipse lunar!

AS CHEIAS DO RIO PACOTI


COISAS DA MINHA TERRA
( As cheias do rio Pacoti)
Gracinda Calado

Quem conhece Baturité sabe que fica ao pé da serra do mesmo nome, é a capital do Maciço. Seus limites fundem-se com as serras que se elevam entre Guaramiranga e Pacoty.
Na época invernosa Baturité recebe as águas que descem do rio Pacoty fazendo uma verdadeira ilha quando se encontra com o rio Aracoiaba.
Transparentes cascatas descem a serra numa agonia louca como se tivesse pressa para chegar ao mar. As cachoeiras que se formam no seu percurso são dádivas preciosas da natureza. Os poços e piscinas naturais que se perdem pelo caminho do rio ficam quase escondidos no meio das matas como se fossem noivas virgem esperando o noivo. São intocáveis. Grandes são as quedas d’águas desafiando a altura e as pedras que se acham pelo percurso do rio. A maior parte do leito do rio é acidentada com partes altas e baixas, na maioria cheia de pedras. O ronco das águas é tão grande no inverno que chega assustar
aos que não conhecem esse rio.
Em um certo trecho do rio Pacoty, no coração da cidade de Baturité acontece um fenômeno muito perigoso, principalmente no trecho que fica entre o sítio Olho d’água dos padres jesuítas e a ponte Putiú no bairro do mesmo nome.
Grandes cheias chamadas “cabeça d’água” têm acontecido, pegam as pessoas desprevenidas chegando até a arrastá-las para bem longe. O perigo é quando o rio começa a descer carregando grandes troncos de árvores e muito galhos, sinal que “a cabeça d’água” vai acontecer. Muitas vezes os troncos e galhos ficam presos nas pontes e pontilhões; destroem cercas e muros em lugares mais próximo ao rio.
No sítio chamado “pedrinhas” o rio alarga parece que vai engolir as plantações. No bairro “Lages” o prejuízo é maior. O pontilhão fica coberto completamente intransitável. As águas descem com muita força como se fossem uma enorme “ tissuname.” A passagem dos habitantes do bairro é feita por outro caminho mais longo para chegar à cidade. O maior paradoxo é a beleza do rio quando ronca levando tudo pela frente, desenfreado e volumoso parece um grande dragão devorando tudo. Testemunha que fui de tudo que estou dizendo, pois quando garota vi muitas vezes esses fenômenos de extraordinária beleza. O mais interessante que depois de alguns dias a garotada já está tomando banho nas mesmas águas que tão ferozmente enfrentaram a força do rio. Coisas da minha terra!

A PRAÇA SANTA LUZIA DE BATURITÉ

Por Mario Mendes Junior*

Hoje quadrilátera, a principal praça de Baturité, na primeira metade dos anos de 1930, foi concebida com uma via transversal, pavimentada de pedra tosca, interligando a Rua 15 de Novembro à Dom Bosco. Assim desenhado, o lugar público revelava a visão futurista do seu idealizador, uma vez que, naquele tempo, quase não existia trafego de veículos motorizados. Se apreciada pelo efeito arquitetônico, a abertura diagonal tracejava uma hipotenusa dividindo o quadrilátero em dois triângulos retângulos bordados de calçadas cimentadas, enfileiradas de bancos de madeira cada qual com uma muda de fícus benjamins, plantada, para sombreá-los depois de crescidos.
A 22 de outubro de 1933, antes da inauguração, o prefeito Ozimo Alencar abriu um plebiscito popular para escolha do nome da praça, e a dez de outubro do mesmo ano, uma comissão presidida pelo major Pedro Mendes Machado, apurou os votos, que se seguem: Praça Dr. Carneiro 2 votos, Praça Coronel Joaquim Mattos 16 votos, Praça Coronel Raimundo Maciel 21, venceu, porém com 685 o nome que até hoje permanece Praça Santa Luzia.
Na Capital da Serra, na década de 1950, tudo resplandecia. Jardim florido, canto mais pitoresco do lugar, o verde das árvores modeladas emprestavam à Praça Santa Luzia, de então, o caráter de cartão postal da cidade.
No triangulo do poente, em frente à casa do banqueiro Virgilio Bezerra, um benjamim, modelado qual jardim europeu, representava um elefante de tromba alevantada. Um pouco mais abaixo, em frente à casa do português Manoel Simões, a maestria do jardineiro escultor transformou duas árvores na figura de um avião. Ainda, nesse triangulo, em frente à Pensão Canuto, plantas menores decoravam um bosque florido, redondo, com bancos de madeira, pintados de vermelho, com suporte de ferro fundido, todos fixados de modo, que, seus freqüentadores, reunidos, pudessem conversar de frente uns para outros. Para mais além, depois do enorme tangue dágua, para irrigar o jardim, mas, às vezes, mal usado como piscina, bem na aresta do ângulo reto, de frente à casa que pertenceu ao coronel José Pinto do Carmo, outro benjamim simulava uma ave, pondo ou chocando seus ovos num ninho em forma de cubo. No triangulo do lado do sol, em frente ao Barracão das Carnes, que injusticavelmente foi demolido para dar lugar ao atual prédio do Banco do Brasil, uma touceira arbórea rasteira, idealizava uma estrela, adiante duas árvores se avultavam de cada lado do coreto e se abraçando no centro daquele palco a céu aberto, para delinear a escultura, obra prima do escultor de arvores anônimo: uma lira símbolo da música tantas vezes tocada, ali mesmo, em inolvidáveis retretas. Ainda, nesse segundo triangulo um benjamim muito crescido, em cima de um cubo de galhos e folhas, ostentava a estrela do ESPERANTO, um tributo à língua
COISAS DA MINHA TERRA
(Vida da Cidade)
Gracinda Calado


Viajando para Baturité, seguimos a estrada de rodagem rumo á serra de Guaramiranga e Pacoti, no alto do Maciço.
A viagem é agradável, principalmente quando passamos em Itapay e Antonio Diogo, pequenas elevações aparecem, alguns despenhadeiros onde passa a linha do trem rumo ao Crato. A visão é maravilhosa!
Chegando a Baturité nos deparamos com a estação ferroviária onde está exposta uma réplica da máquina a vapor, que fazia a linha Fortaleza-Crato. Ela levou o nome carinhoso de Laura 400. Fica no bairro Putiú.
Seguimos pela avenida D. Bosco, logo encontramos o colégio das irmãs salesianas de Maria Auxiliadora. É um colégio católico, cujo ensino é um dos melhores da cidade. As filhas de Maria Auxiliadora dedicam-se a formar seus alunos com uma formação moral e religiosa digna, como também prepará-los para o exercício da cidadania.
Na mesma rua temos o prédio dos Salesianos de D. Bosco, que em anos passados foi educador de rapazes, dentro da filosofia de D. Bosco. Hoje funciona uma escola pública.
Seguindo pela mesma avenida chegaremos à praça de Santa Luzia, muito arborizada, cujas árvores são ornamentações vivas em forma de animais e outras decorações.
Baturité é uma cidade que prima pela sua religiosidade e conhecida como a capital intelectual do Maciço. De longe avistamos o antigo colégio dos Jesuítas, no alto da serra, cuja arquitetura data do período colonial. Suas muralhas de pedra e cal desafiam a floresta ao seu redor.A beleza do verde se espalha por todo canto. Nas imediações encontramos uma estátua em tamanho natural , de nossa Senhora de FÁTIMA, no alto da serra abençoando toda a cidade. O caminho percorrido da cidade para a imagem da santa é feito em 365 degraus, em forma de via-sacra, onde em cada espaço há uma estação da paixão de Jesus, terminando na estátua da santa, no alto da serra.
Passamos pela igreja Matriz de N. Senhora da Palma, cuja arquitetura tem mais de 100 anos e guarda santos antigos da época colonial.
Em frente a igreja foi erguido um pelourinho em comemoração ao centenário da cidade, em 1961. Na mesma praça fica a Prefeitura , cujo prédio chamado Entre-Rios,de arquitetura secular , já foi palco de grandes momentos da história da nossa terra e do Brasil, pois lá autoridades de épocas remotas já foram recebidas em festas de grandes galas.
Tenho orgulho de minha terra.Ela é uma das mais importantes da história política do nosso estado, onde saíram de lá pessoas que se empenharam na política e na vida social do estado do Ceará.Como: vice-presidente, promotores, juizes, desembargadores, advogados, escritores, professores catedráticos no sul do país, médicos,engenheiros,uma gama enorme de pessoas de renomes no cenário político, cultural,como também religiosos como padres e freiras de congregações conhecidas internacionalmente.Por estas e outras coisas é que me orgulho de ser baturiteense.

COISAS DA MINHA TERRA
( Carnavais )
Gracinda Calado
Há muito tempo o carnaval deixou de ser uma festa familiar.
Na minha cidade festejava-se o carnaval como uma brincadeira familiar.
Os “corsos” eram preparados com antecedência por cada família.
Nos carros abertos crianças se vestiam de pierrô e colombina, de palhaços e marinheiros e desfilavam pelas ruas enfeitadas da cidade. Geralmente às 16:00, para que todos apreciassem a alegria momina.
Os adultos se vestiam de fantasias de seda de piratas, de reis e de rainhas. Lindas fantasias desfilavam pelas ruas em carro aberto jogando confetes e serpentinas, juntamente com o rei momo da cidade, levando nas mãos a chave da cidade.
Nos clubes da cidade as crianças dançavam com os pais, nas vesperais de domingo.
Á noite nos mesmos clubes, os adultos cantavam e dançavam lindos frevos e canções.
Os “cordões” se enfeitavam e desfilavam nos salões cantando marchinhas de carnavais passados.As músicas mais tocadas eram: Jardineira, Zé Pereira, Máscara negra, Mal-me-quer, Vassourinhas, As águas vão rolar, Me dá um dinheiro aí, A turma do funil e tantas outras que deixaram saudades!
A brincadeira era tão pura que brincavam todos de mãos dadas, fazendo rodas ou marcando passos de frevos no salão.O uso do cloretil era permitido, pois só perfumava os salões.
A banda do conhecido mestre Permínio era quem animava as festas, durante os três dias de folias. Em frente ao clube principal da cidade- BAC ( Baturité Atlético Clube) os apreciadores de festas de salão ficavam olhando do lado de fora na rua, que o povo chamava de “sereno”.
As fantasias eram simples, criativas, e bem elaboradas para aqueles dias: arlequim, pierrô, colombina, baiana, índio, árabe e tantas outras...
Quando o sol raiava a festa acabava.Os salões ficavam todos cheios de confetes e serpentinas.A festa acabava, mas não acabava a alegria da gente.
Quando chegava quarta feira era só saudades e nada mais!



COISAS DA MINHA TERRA
( as procissões)

Gracinda Calado

Geralmente eu acompanhava as procissões.
Semana Santa, ou Corpus Chiste.
Lembro-me bem quando todos se arrumavam no patamar da matriz, em filas organizadas dois a dois ou em alas direita e esquerda.
No centro o padre levava o Santíssimo Sacramento, que era coberto pelo palio, uma espécie de sombrinha grande e enfeitada de dourados e franjas.
Na frente às irmandades, as zeladoras, os grupos religiosos, depois as mulheres e os homens atrás.
O andor era muito enfeitado com palmas, e pano roxo, na semana santa. O encontro de Jesus com Maria sua mãe era o ponto alto da procissão.
Na festa de Corpo de Deus as ruas eram enfeitadas de flores, formando tapetes coloridos.
As fachadas das casas eram ornamentadas de toalhas e rendas de bordados e renascença. Costume da época colonial.
Alguns coroinhas iam à frente do padre levando castiçais e velas acesas, um sininho que tocava em cada parada para a bênção do Santíssimo. Todos se ajoelhavam e rezavam fervorosamente com muito respeito.
As pessoas devotas jogavam chuvas de pétalas de rosas.
As devotas rezavam e cantavam hinos próprios para a ocasião.
Aqueles hinos eram tão lindos que emocionavam a gente.
A procissão prosseguia até o seu final com a ultima bênção aos fiéis, e atrás as ruas ficavam perfumadas pelas rosas e pelo incenso que o sacerdote espalhava pelo caminho.
Que saudades que eu tenho da minha terra em dias de procissão!
O povo demonstrava sua religiosidade, seu amor ao Corpo de Deus e sua fé em tudo que a igreja professava!