DIVINO ESPÍRITO SANTO DE DEUS!

Divino Espírito Santo de Deus, que derrama sobre todas as pessoas as graças de que merecemos, hoje e sempre nos acompanha nas trajetórias de nossas vida. Amém.

segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

ANO NOVO!


Gracinda Calado

Exuberante a natureza explode em versos!
Enche-se de energia o mundo!
O ar explode em luz e sons!

Nasce o Ano Novo !
Em meio às emoções, renasce a fé nos corações!
Malabarismos de cores, furta-cores no céu de nossa pátria!

Fogos coloridos enchem o ar e os corações de amores!
Contraste no céu e no mar.
O verde, o azul, e o luar completam a festa num cantar.
Estouro de fogos e de luzes, magia na natureza.
Prenúncios, adivinhações, mistérios...
Nasce um novo ano, radiante e forte!
O ar se contamina de energia,
E experimenta esse momento de prazer!
As pessoas caminham para um lado e outro,
Juntas nesta hora de paz e de emoção!
Desejam bons augúrios, se beijam, se abraçam!
Bons desejos, bons presságios, bons ensejos.
A música explode no ar em sons e versos.
Lágrimas escorrem em nossas faces de tanta alegria!
Saudades invadem alguns corações solitários,
Lembranças de alguém que já partiu.
Todos rezam uma oração, uns agradecem,
Outros fazem um pedido, outros não dizem nada,
Ficam calados, quietos e mais um ano termina!
Outro ANO começa, renasce a vida, os amores, os projetos,
Tudo é mistério para o ano que vem!



domingo, 23 de dezembro de 2012

SENHORA DO SILENCIO


INÁCIO LARRAÑAGA

Mãe do Silencio e da Humildade, tu vives perdida e encontrada no mar sem fundo do mistério do Senhor. Estás dentro de Deus e Deus dentro de ti. O mistério total te envolve e te penetra, e te possui, ocupa e integra todo o teu ser.
Jamais se viu figura humana de tamanha doçura, nem se voltará a ver nessa terra uma mulher tão inefavelmente evocadora.
Teu silencio não é ausência, mas presença. Estás abismada no Senhor e ao mesmo tempo atenta aos irmãos, como em Caná.
Faz-nos compreender que o silencio não é desinteresse pelos irmãos, mas fonte de energia e de irradiação, não é encolhimento, mas projeção. Faz-nos compreender que, para derramar, é preciso preencher-se.
Envolve-nos no teu manto de silencio e comunica-nos a fortaleza de tua fé, a altura de tua esperança e a profundidade de teu amor.
Fica com os que ficam e vem com os que partem.
Ó Mãe Admirável do Silencio!

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

PRESÉPIO DE NATAL

MEU PRESÉPIO DE NATAL (Natal de 2013)


Gracinda Calado

Quando Jesus nasceu, José e Maria não se continham de alegria!
Somente eles, seus pais sabiam a que ele vinha.
Não puderam preparar-lhe um bercinho digno de um rei. Uma noite tive um sonho preparando-lhe um humilde presépio.
A manjedoura, enfeitei-a com os laços fortes da amizade.
Ao seu redor muitas flores de paixão e rosas que saiam do coração!
Forrei a caminha de palha com cetim azul anil, da cor do manto de Maria.
E nos quatro cantos por onde os reis magos iriam passar para chegar até Jesus e lhe adorar, coloquei palmas verdes de esperança para que o mundo fosse melhor, e as pessoas não deixassem de se amar!
Perfumei todo o lugar com essências de jasmins, orquídeas, muitas rosas brancas e vermelhas, as cores da caridade, da justiça e do amor; incensos perfumados de alecrim, alfazemas, como o amor de Maria e de José.
Fiz um lindo tapete de pétalas vermelhas, da cor do sangue de Jesus, que mais tarde derramaria na cruz!
São José, Nossa Senhora, lado a lados do presépio esperavam a criancinha que logo choraria, e anunciaria ao mundo inteiro o Evangelho verdadeiro!
Uma luz, igual a uma estrela branca reluzente, transparente, coloquei bem em cima da gruta iluminando a todos os que esperavam Jesus!
À meia noite ou noite e meia, o menino chorou na manjedoura; a noite estava fria, mas estava toda enfeitada e iluminada! Nessa hora os anjos que fiz de papel, criaram vida e cantaram para o nosso Salvador: Jesus, o Filho querido de Deus!
Todos os homens O veneraram, o mundo inteiro se ajoelhou ao seu redor, pois agora na manjedoura, o Divino Menino nasceu!
Aos poucos tudo se transformou, e o sonho não acabou!
O Filho que Deus nos deu de corpo e alma como nós, é nosso irmão, tem o mesmo pulsar dos nossos corações! Ele veio trazer o amor e a nossa salvação!
Vamos adorá-lo, reverenciá-lo, vamos ao encontro daquele que nos espera sorrindo na noite de Natal, vamos cantar o glória a Deus nas alturas e paz aos homens de boa vontade. Aleluia, aleluia, aleluia!

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

O PÃO E O LEITE QUE ME ALIMENTARAM


(Memórias da minha terra)

GRACINDA CALADO

Onde ficaram tuas lembranças verdadeiras?

Teu sal que o sabor nos dava no alimento,

Onde ficou teu cheiro de café pilado,

O doce mel do açúcar na coalhada,

Onde ficou todo perfume espalhado

Pelo chão da sala e da cozinha?



Sabor igual ao pão francês não há,

Café com leite desnatado no fogão.

Ainda sinto o sabor dos teus beijus,

Tuas cocadas feitas de marrom glacê,

O leite mugido na hora certa matinal,

O fubá para fazer o saboroso angu.

Minha querida Maria soprando o fogão à lenha,

Sustentava o abano de palha pra lá e pra cá,

Dedicava-se de corpo e alma o cuscuz fazer,

Como se fosse sua, a vida dos que dela precisavam.



O alimento era a solução do corpo,

O amor era o alimento da alma.

A reza e a união, as forças que sustentavam a fé.

O pão todos os dias bem fresquinho,

Deslizando nele a nata branca.

Nas ruas enladeiradas, cobertas de pedras,

Vendedores de guloseimas oferecem seus produtos,

Naturais da serra: o mel, os alfenins e a rapadura,

Deixando em nossa boca o gosto a salivar.

No mercado, as frutas bem fresquinhas,

Mangas, cajus, goiabas, mamãos e maracujás.

Na porta a domicilio o leite fresco e puro,

O pão na padaria, as broas e biscoitos de fubá.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

LEMBRANÇAS


Gracinda Calado

No sopé da serra de Baturité casinhas de taipa e de tijolos desfilam entre ladeiras e ruas de asfaltos e calçamentos de pedras antigos. Ali moram os trabalhadores do dia a dia.

São operários e artesãos de cipó e bambu que confeccionam cestos de todos os tamanhos para depositar frutas, cestas de roupas, cestinhas para decoração e todo tipo de artesanato com cipó e vime.

Descendo ou subindo as ladeiras das ruas antigas de minha cidade, encontramos pessoas que sorriem felizes principalmente quando voltam do trabalho e realizam mais um dia de serviço, seja na lavagem de roupas, engomados a ferro com goma, exímias passadeiras, que desfilam pelas ruas à tardinha quando o sol se põe.

Próximo a Igreja matriz no meio desse emaranhado de casas e ladeiras encontramos abrindo um caminho para o monte que em forma de escadaria segue o caminho do calvário da cruz e a majestosa estátua de Nossa Senhora de Fátima, as 14 estações da via sacra composta de 365 degraus. A penitencia e a fé se unem para o alto rumo ao céu verde da montanha, banhada pelas sombras das árvores, e acompanhada pela música das águas do rio que passa ao lado seguindo o caminho do lugar favorecido pela natureza chamado “Olho Dágua”.

Para lá centenas de pessoas na época da quaresma e festa de Páscoa se dirigem para orar, cantar, pagar promessas e pedir graças. Também lá é um recanto de passeio e de apreciar a beleza da serra e fazer trilha de maneira não convencional.

No topo da serra lugar de chegada, encontramos um painel maravilhoso das quatro estações que narram a crucificação de Jesus no horto do calvário. Ao lado bem próximo, a estátua de Nossa Senhora de Fátima em homenagem às aparições de nossa Senhora em Portugal, oferta do saudoso Comendador Ananias Arruda, benfeitor de nossa cidade.

Visitando Baturité encontramos coisas maravilhosas como esta.

sábado, 17 de novembro de 2012

LEMBRANÇAS DOS FOLGUEDOS


Gracinda Calado
Debaixo de teus cajueiros o tempo passava depressa, como os amores da juventude e as águas de verão.
O sol batia em nossa pele bronzeada, envolvida no cloro da piscina que amenizava nossas férias no mês de junho. Eram esplêndidos os folguedos de ‘são joão’, as fogueiras, as comidas de milho e tapiocas, as músicas regionais nordestinas e a paçoca de carne de sol!
Enquanto a música tocava, todos nós nos envolvíamos nos assuntos de família e nossa mãe nos chamava para o almoço ou jantar, e o aluá e o milho verde depois assado na fogueira. Era costume fazer fogueira e no dia seguinte recolher as cinzas, que eram jogadas nas plantas para que prosperassem.
Era assim durante as férias: muitas brincadeiras, banho de piscina, muitas frutas e reunião de família, sem darmos conta do tempo que passava e a conversa rolava por muitas horas e muitas histórias e controvérsias vinham à tona nessa hora.
Quando o cansaço chegava armávamos as redes no alpendre para um rápido cochilo. As visitas não paravam de chegar, e logo nos uníamos a todos ,numa breve animação!
Como eram doces os dias felizes no sítio “Boa Vista” na casa de meu avô!



sexta-feira, 16 de novembro de 2012

CHEIRO DE NATUREZA

CHEIRO DE NATUREZA
Gracinda Calado

Da janela sinto o vento suave que vem do mar.
Longe, muito longe um galo solta o seu cantar. Os pássaros começam reverenciar o sol com seus primeiros gorjeios. Do mar, o cheiro de maresia anuncia o gosto de sal que deixa em nossa boca o tempero vital. As nuvens estão pesadas, escuras cor de chumbo parece que vão desabar...
Um vento fresco invade a janela emoldurada de flores e jasmins e suavemente toca o meu rosto frio. Meus pensamentos invadem minhas lembranças nessa hora. Alguns pingos de chuva caem como lágrimas lavando minha face nua. Sinto solidão!
Na calçada chega o padeiro, desperta toda a rua para entregar o pão. E o jornaleiro também chega, cuida de não molhar os jornais, envolve-os em plástico joga-os no jardim da casa ao lado e se vai...
O relógio da matriz bate as horas. É hora de se levantar para o trabalho! Pessoas passam vagarosamente ainda sonolentas. Sinto o cheiro de café; apresso-me para fazer minha oração matinal e minha primeira refeição!
Minha janela são os meus olhos, os meus ouvidos e o meu olfato!
A insônia me trouxe o dia; o sol a sua energia que cobrirá toda a terra. Começa mais um dia de rotina na cidade!

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

DIVERSIDADE INEXPLORADA


TEXTO DE Jardins suspensos no sertão

por dibinha — Última modificação 24/04/2007 14:37

Matéria da Revista da Scientific American Brasil sobre o Maciço de Baturité.

Fonte: SCIAM - Scientific Americam http://www2.uol.com.br/sciam/


Edição Nº 32 - janeiro de 2005



COMPILAÇÃO DE GRACINDA CALADO

DIVERSIDADE INEXPLORADA

A SERRA DE BATURITÉ, POR SER CONSTITUIDA ESSENCIALMENTE DE ROCHA CRISTALINA, RESISTIU MAIS AO DESGASTE IMPOSTO PELO CLIMA DO QUE SUAS ADJACENCIAS AO LONGO DOS ANOS. LENTAMENTE, ELA FOI AFLORANDO, ENQUANTO AS REGIÕES VIZINHAS, MAIS VULNERÁVEIS, IAM SENDO REMOVIDAS EM DIREÇÃO AO MAR E DEPRIMIDAS. CHAMA-SE A ESSE PROCESSO EROSÃO DIFERENCIADA, SENDO A PERIFERIA DA SERRA DENOMINADA DEPRESSÃO SERTANEJA E A SERRA, MACIÇO RESIDUAL.

NA FLORESTA UMIDA DA SERRA, O CONVÍVIO DE IPÊS, ORQUÍDEAS, SAMAMBAIAS, MUSGOS E HEPÁTICAS MODELA UMA FLORESTA POSSUIDORA DE EORME FITODIVERSIDADE.

CONSTRATANDO COM TODA ESSA RIQUEZA FLORÍSTICA ESTÁ A INSIGNIFICANCIA DO CONHECIMENTO ATÉ HOJE GERADO SOBRE SUA BOTÂNICA E ECOLOGIA, AINDA INCIPIENTE DIANTE DA GRANDEZA TERRITORIAL E A DIVERSIDADE DE ESPÉCIES, PADRÕES E PROCESSOS QUE OPERAM NESSE EXTRAORDINÁRIO FRAGMENTO DE MATA ATLÂNTICA. A SERRA DE BATURITÉ.

ATÉ O MOMENTO, SÃO REGISTRADAS APENAS ALGUMAS DEZENAS DE ESPÉCIES ARBÓREAS E ARBUSTIVAS. COTUDO, ESTIMATIVAS SUGEREM QUE ATÉ 550 ESPÉCIS PODEM OCORRER LÁ, ENTRE ÁRVORES, ARBUSTOS, ERVAS, CIPÓS, EPÍFITAS (TREPADEIRAS) SAPRÓFITAS E PARASITAS.

NESSE UNIVERSO VEGETAL, AS ÁRVORES PROPORCIONAM REFÚGIO, INTEGRAM A BASE DA CADEIA ALIMENTAR, SÃO VEGETAIS VERDADEIRAMENTE RESIDENTES E CONTRIBUEM NORMALMENTE COM MAIS RECURSOS BIOLÓGICOS E DE FORMA MAIS DURADOURA DO QUE PLANTAS ANUAIS E HERBÁCEAS.

A PRESENÇA DE TANTAS ESPÉCIES COMUNS ENTRE REGIÕES TÃO DISTANTES, APONTADA PELA LISTA ACIMA, É FACILMENTE EXLICADA PELO MANTO CONTÍNUO DE FORMAÇÃO FLORESTAL DO CRETÁCEO. As ÁRVORES COMUNS ENTRE BATURITÉ E A REGIÃO AMAZÔNICA- STRYPHNODENDRON PURPUREUM (FAVINHA) E SIMAROUBA AMARA. A BYRSONIMA SERICEA (MURICI VERMELHO), A SERRATIFOLIA (IPÊ VERMELHO) E O PINHEIRO BRAVO, A CECROPIA E GARGAÚBA.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

DOCE BALANÇO DE AMOR!


Gracinda Calado

As ruas, as paisagens, o chão molhado de orvalho , os roseirais, as samambaias penduradas nos terraços, as janelas abertas o dia todo, são características da minha cidade.

À noite cadeiras nas calçadas com ar de fraternidade, amizade, socialização. Suas ruas, seus casarões seculares, suas ladeiras em curvas, flores miúdas à beira dos caminhos, riachos que cantam em todos os lugares!

Assim é minha cidade! Uma saudade! Sempre levando a gente, nas coisas pequenas, simples, nos inspirando amores, enchendo nossos corações de lembranças: de uma linda mangueira, uma rua onde brincamos quando criança, um pomar, uma estação de trem, uma igreja, uma roda gigante, campo de futebol, um banho de rio, um passeio de bicicleta, os amigos, um sorriso largo!

Quando penso em minha gente, me vejo naquele coreto da praça ornamentado de flores e florais e de benjamins. Sinto-me sentada nos bancos da pracinha com os amigos ou namorados, esperando o sol se por, ou a lua chegar. No colégio, as colegas de classe, as brincadeiras, jogos de bola ou de pedras, pula corda, ou balanços ingênuos, brinquedos sem pretensões!

Saudades das novenas, das missas, dos desfiles na semana da pátria, dos carnavais, das festas juninas e sabe Deus o que mais penso que me dá saudades!

É preciso ir na minha cidade para novamente sentir o seu cheiro, o seu sabor, o seu tempero, o seu calor, sua música, seu jeito de mulher madura!

Mulher de fé, cheia de mistérios e pudores, é minha cidade chamada Baturité!

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

VERDES SONHOS DA MINHA TERRA, BATURITÉ.


Gracinda Calado

UM DIA HEI DE CANTAR TUAS RUAS,

TUAS MATAS, TEUS GROTÕES.

TERRA DOS SONHOS VERDES,

DAS PLAGAS E DOS ARREBÓIS

MEU TORRÃO ALVISAREIRO,

DAS NOITES FRIAS DE JUNHO;

DOS TEMPOS DE ENCANTAMENTOS,

QUE AINDA VIVEM PRESENTES

NOS NOSSOS PENSAMENTOS.

SAUDADES DAS NOVENAS,

DOS CORETOS E DAS LAPINHAS,

DAS CANTIGAS DE RODAS,

DAS CIRANDAS, CIRANDINHAS.

DAS PROCISSÕES E PASSEIOS

DAS OLAS NA PRACINHA,

DAS FESTAS DE SANTA LUZIA.

DAS ANIMADAS QUERMESSES,

NAS FESTAS DA SANTA DA PALMA.

DOS NAMOROS NO PORTÃO,

EM NOITES DE SÃO JOÃO.

DOS JARDINS BEM FLORIDOS,

DOS BENJAMINS VERDEJANTES,

DOS COLEGIOS E DAS IGREJAS,

DOS BAILES E VESPERAIS,

DOS ANTIGOS CARNAVAIS.

DOS AMIGOS SINCEROS,

NÃO ESQUECEREMOS JAMAIS.

terça-feira, 30 de outubro de 2012

SERRA VERDADEIRA


GRACINDA CALADO

Lá onde o sol nasce cristalino cobrindo os montes altaneiros durante todo o ano, apesar das noites frias das invernosas, as manhãs são cálidos suspiros em nossa alma.
Só quem viveu a tranqüilidade desse lugar tão lindo, conhece a tela mais bela de toda a natureza, permeada de cores multicores e de flores de espécies raras.
Nas cabeceiras , de longe se ouve o murmúrio dos rios que ao descerem se jogam sem medo nas correntezas das cachoeiras das serranias. O seu murmúrio é como um aviso aos que por ali passam, que a natureza ali impera e sua alma se rende aos encantos da beleza.
Nas árvores entrelaçadas de cipós, as flores coroam a serra inteira como noiva pronta para o altar.
“Serra Verdadeira”, é o seu nome, cheio de malícia e de beleza, ostentação e perfumes nos cafezais floridos de frutinhas vermelhas, que mais tarde se tornarão a bebida mais consumida da região, o saboroso café, torrado com rapadura e pilado no pilão de pedra, desde os tempos dos escravos.
A cana de açúcar compartilhou com o café, plantados nos grandes sítios,nos grandes alagados e nas baixas das margens ribeirinhas dos rios. Dos braços fortes dos trabalhadores e dos pares de juntas de bois que puxavam a moenda nos engenhos, transformavam-se em doce e mel, a rapadura e o açúcar para adoçar a vida!
“Serra Verdadeira” de onde sai o gosto mais saboroso das frutas tropicais, que alimentam os animais nativos, os pássaros que cantam alegremente no topo das árvores mais altas da serra e os passarinhos que gorjeiam nas campinas frescas verdejantes da região serrana.
O frescor de seu clima enche o nosso peito e refresca nossa alma, na sensação do corpo o arrepio do frio que sutilmente se instala em nossa pele.
Tudo é tão natural, tudo é tão gostoso, viver no paraíso onde o sol faz parceria com a lua e deixam que a natureza viva intensamente e transborde em paz tudo que precisamos para viver! “Serra verdadeira”, é o seu nome: BATURITÉ!

terça-feira, 23 de outubro de 2012

DEBAIXO DAS TUAS MANGUEIRAS


Gracinda Calado

Aos domingos,todos nós íamos passear no sitio.
O rio Pacoti lavava suas terras e as deixavam férteis.
Nosso passeio começava na invasão das fruteiras que desafiavam nossa curiosidade.
As goiabeiras carregadinhas de frutos e de flores deixavam um perfume no ar.
As siriguelas vermelhas eram convites à loucura e ao exagero das gulodices. Enfrentávamos aqueles manjares dos deuses logo de manhã, bem o sol não havia ainda esquentado a terra.
Aquele chão abençoado era mágico, para onde se olhava era um convite à sedução.
Debaixo das mangueiras fazíamos projetos e contávamos histórias mirabolantes, que só nós ainda adolescentes acreditávamos.
Aos poucos o som de algumas mangas que caiam no chão nos despertava da emoção de um bom enredo de nossas histórias. Corríamos todos para pegar aquelas frutas doces caídas do pé.
Às vezes deixávamos nos levar pelo fascínio do ambiente e deitávamos debaixo das frondosas árvores usufruindo de suas sombras.
Sonhávamos com coisas encantadas, lugares mágicos e indescritíveis, ao mesmo tempo em que nos deixávamos levar pelas nossas emoções e chorávamos quando alguém vinha em nossa direção para nos levar de volta para casa.
Sofríamos na despedida daquelas mangueiras frondosas encantadas para todos nós.
O dia era uma primavera em flor em nossos corações juvenis.
“ Debaixo das mangueiras éramos muito felizes”.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

NO CORAÇÃO DO MACIÇO DE BATURITÉ

GRACINDA CALADO

Subindo a serra de Baturité rumo a Guaramiranga o clima vai amenizando o calor e uma brisa gostosa nos envolve fazendo-nos sentir o abraço carinhoso da natureza.
Enquanto caminhamos em caracóis pelos caminhos, a vista deslumbrante da serra em cordilheiras nos presenteia com um belíssimo espetáculo.
Árvores gigantescas seculares que envolvem seus galhos em outras árvores como abraço, árvores que derramam seus ramos como chorões caídos fazendo cortinas verdes, árvores que se enfeitam de flores roxas e amarelas como os ypês, árvores que se diferenciam das outras árvores como os bambus que se fecham em moitas grins.
Descendo as ladeiras avistamos o cafezal em flor parece um tapete vermelho coberto de frutinhas e cerração em tempo de inverno.
Na serra temos a impressão que estamos pertinho do céu, até podemos sentir o cheiro de Deus nas gotas de orvalho da noite passada nas manhãs frias.
Descendo os grotões rumo aos sítios e fazendas, avistamos maravilhosos canaviais que serpenteiam as margens dos rios que descem refrescando ainda mais a região. Mais à frente o bananeiral exuberante se apresenta encantando mais ainda nossos olhos.
Nas estradas de terra batida e nos atalhos de caminhos encontramos comboios de vendedores de frutas que vão à feira de Baturité vender ou trocar seus produtos. Pés descalços, roupas cobertas de nódoas dos pomares encharcados de leite que escorre das frutas fazendo manchar suas roupas e eles nem se dão conta de tudo isso.
A casa da fazenda ou do sitio está lá! Lugar privilegiado por Deus e pela a natureza! No coração da serra, testemunha de tanta beleza e de tanta felicidade gratuita.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

COISAS QUE NÃO SAEM DE MIM


GRACINDA CALADO

Tentei levar meu mundo para fora,

Com fotos e lembranças mil,

Coisas que não vão embora,

Fortes demais pra esquecer!

Cada hora que passa é eternidade

De recordações e de saudades!

Quisera eu apagar da minha mente

Os arranhões da minha história!

Clamo ao vento levar pra longe essa agonia,

Ela se faz presente a cada hora.

Tentei buscar caminhos adversos,

Mas nos reversos da caminhada ela foi embora!



sábado, 13 de outubro de 2012

SAUDADES!

SAUDADES!


Gracinda Calado

Saudades de ti minha querida irmã Tarcilia!

À noite enquanto a escuridão caía sobre a cidade eu pensava em ti. Meus olhos não seguraram as lágrimas que embaçavam minha visão, os meus pensamento chamavam uma estrela no céu que solitária se exibia para mim. Sei que eras tu mesma, pois brilhava para mim com um brilho todo especial

Viajei no tempo e o vento me trazia lembranças de nossa infância e nossa adolescência na querida cidade de Baturité, onde vivemos os melhores dias na companhia de nossos pais e irmãos. Não sabíamos o que era sofrimento, nem tristeza, nem ódio ou desprazer.

Crescemos e fomos sempre amigas, mais que irmãs!

Sinto tua falta em todos os momentos, chega a sangrar meu coração; daria tudo para apenas ouvir tua voz, as tuas gargalhadas especiais, tuas brincadeiras, teu sorriso, consolo-me vendo teu retrato na parede sem saber por onde andas ou te escondes nessa amplidão imensa do CÉU!

Teu coração deixaste em todos os corações que te amam e tua alma entregaste a Deus pois Ele te chamou porque és merecedora desse premio do alto. Adeus minha querida irmã e até a eternidade!



sexta-feira, 28 de setembro de 2012

PERFIL DE MINHA CIDADE


Gracinda Calado

Deslumbrando um vasto véu, a cidade exibe-se por sobre os montes enfileirados de verdes e de cores, reverenciando o sol e a natureza pura.
Em seus contornos emoldurados de azul do céu, rios e riachos escorrem lentamente suas águas frescas banhando os quatro cantos da cidade em alegria sutil.
Estradas e ladeiras tomam o rumo de sua geografia infinita e deixam-se interagir com os casarões de pedra e cal, ornadas de jardins e de flores, enquanto a noite cai trazendo o orvalho doce da serra sobre a cidade aberta para receber a brisa gostosa das madrugadas.
O cheiro de mato e do café exala o néctar dos frutos e das flores silvestres, e nas manhãs os pássaros vêm cantar em nossa janela.
Cidade que retrata o doce perfil da natureza embalada pela grandeza de sua história de mais de 150 anos de luta e de vitórias!
Cidade do cheiro de mato verde, de terra molhada, de água fresca, de árvores centenárias, jasmins e bromélias. Enfeitada pela natureza deixa transparecer seu orgulho em seus murais, seus paredões, no vôo dos seus pardais e de suas negras andorinhas que migram ao amanhecer do dia para voltarem à noitinha e agasalhar seus filhotes!
Como és bela minha cidade! Como és querida minha linda cidade de Baturité, a rainha do Maciço encravada no coração da serra!
Teu sol e teu luar hão de sempre brilhar nas caladas de tuas primaveras em contato com a doce energia do universo e das estrelas que enfeitam teu manto sagrado bordado de cristais!
Aos teus pés depositamos nossos amores e nossas dores nas saudades que envolvem o nosso eterno passado!

terça-feira, 25 de setembro de 2012

SOU ASSIM...


Gracinda Calado

Às vezes tento caminhar em direção ao sol.
Oriento-me pela bússola da razão e às vezes encontro-me entregue ao coração.
Tento olhar o céu com olhos de poetas e sonhadores, acordo em sedas e cetins ou na relva fresca da madrugada fria.
Tento voar nas asas da saudade quando não encontro chão.
Meu pensamento voa alto procurando um ninho pra pousar ou um colo quente para me abrigar.
Sou como um pássaro que foge em busca de outras terras pra pousar.
Sigo o caminho do céu, esforço-me para chegar. Rastejo-me na relva rasa dos jardins dos corações.
Canto sempre uma canção para espantar meu sono e o som da minha voz sustenta-me na hora em que eu mais preciso.
Confio na força do universo e na energia das estrelas, sonho com os anjos e me inspiro no meu Deus!



Buquê de Flores na Primavera!


Gracinda Calado

Hoje o dia amanheceu brilhante, perfumado, esplendido!

A primavera aponta humildemente desabrochando botões coloridos dando viva a vida e a natureza.
Nas serranias a paisagem derrama-se em milagres crescentes, enquanto os rios sorriem para o céu e cantam canções e louvores. Os pássaros gorjeiam numa alegria invejável, enquanto arrumam seus ninhos para guardar seus filhotes. O vento frio se espalha pelas serrações refrescando as flores, as árvores, os coqueirais, os mangueirais e toda a floresta em festa!
Em cada canto dos rios e ribeirões, a água pura e transparente expõe os peixinhos prontos para desovar, e a natureza em festa obedece a explosão da vida! No céu azul a noite chega despedindo-se do sol num abraço de cores avermelhadas como caramelos e gosto de frutas. No ar o odor do mel se espalha fazendo a gente sentir que a natureza vibra e ora pela magnitude da primavera.
No meu coração sentimentos de saudades e de alegrias se misturam com os sentidos na expectativa de sugar o perfume das frutas e sentir o colorido das flores em buquê que se desprendem dos galhos das orquídeas e dos ipês, que se espalham por todos os lugares enfeitando nossos passos no caminho.
Que chegue a Primavera! Que cheguem as flores e os frutos, que cheguem os pássaros e os peixes, que chegue o amor nos corações dos homens! 22/09/2012

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

LEMBRANÇAS DE MEU PAI

LEMBRANÇAS DE MEU PAI


Gracinda Calado

A música revive em atos a tua história: Um tango de Gardel.
O vento me traz momentos de alegria em que passamos juntos
No solar da velha casa da ponte.
À noite ouvindo o coaxá dos sapos no jardim, ríamos de sua música dolente sem nexo ou sem entoação.
Os grilos faziam festa nas trepadeiras amarelas e roxas, cheias de flores,
E nas roseiras pequenos besouros atrevidos se encostavam,
Atraídos pelo perfume que embriagava a todos.
Quieta em um canto eu ouvia tuas histórias e façanhas do tempo da II guerra.
O sono chegava e minha mãe levava-me pelo braço para dormir.
Recordo ainda o cheiro dos teus charutos baianos, cuja fumaça se espalhava pelo ar,
E o teu olhar quase parado no tempo recordava alguma história.
Que saudades de ti meu pai!
Dos teus cuidados, do teu sorriso, da tua voz forte e do tom enérgico quando ralhavas por algum mal feito meu.
Quando eu era pequenina e ainda aprendiz das primeiras letras,
Levava-me para teu gabinete de trabalho e me oferecias um caderno novo, lápis e borracha. Nele eu desenhava, escrevia e brincava de professora com os meus alunos invisíveis.
Hoje já estou aposentada dessa profissão e muito te agradeço pelo teu empenho em me conduzir na vida.
Hoje é dia dos pais, quero cobrir-te de flores e soltar pétalas de rosas em tua memória.
Perfumar teus caminhos imagináveis e voltar ao passado de nossa linda história. Tua bênção meu pai!

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

RETRATO ADVERSO


Gracinda Calado

Às vezes no retrato sou uma bela flor,
Outras vezes uma agitada borboleta,
Outras, uma rosa rubra, orvalhada de amor!

Muitas vezes reflito no espelho meu retrato,
Outras vezes não conheço minhas faces,
Algumas vezes sou lágrimas da noite escura,
Sou versos e reversos, canção e solidão!

Sou o que sou frente ao espelho refletida em retrato,
Quando risco e rabisco, ou pinto e bordo sem nexo,
Sou luz, sou música ou raio de luar, sou mar de ternura;
Sou janela aberta pra o infinito, para a vida e para a sorte!.

Meu retrato é adverso ao tempo, ao meu coração.
Nas notas musicais ele terce melodias espaciais;
Ele é o ontem, é o hoje e nunca será o depois,
É a imagem da minha alma, é o retrato de uma mulher!



quinta-feira, 30 de agosto de 2012

SINFONIA INACABADA
GRACINDA CALADO

Partindo, levo comigo a grande esperança

Dos dias febris das doces primaveras,

Ouvindo o canto puro dos passarinhos,

Que me alegravam nas manhãs fagueiras!

Nas palhas dos coqueiros balançavam ao vento,

Os cachos perfumados dos cocais em flor,

Que se debruçavam em lágrimas ardentes,

Sentindo o beijo do vendaval do amor!

Partindo, levo comigo as mais lindas saudades,

De um tempo maravilhoso que no passado ficou.

Levo no peito,no coração, na alma e no pensamento,

As lembranças de um tempo bom que já se foi!

São lembranças cheias de sabor e doce mel,

Das flores e dos florais dos cajueiros em flor,

Dos mangueirais pesadinhos de coloridos sutis,

Embaixo de suas sombras, o sonho virava um céu!

A música das águas claras do esplendoroso riacho,

Subia aos nossos ouvidos, cheios de amor e fantasia,

Cada vez que o vento dava e nossos cabelos varria,

Era a música dos anjos, dos menestréis da alegria!





sábado, 25 de agosto de 2012

CASARÕES ANTIGOS DE BATURITÉ


 CASARÕES ANTIGOS DE BATURITÉ

GRACINDA CALADO                                  
Hoje ainda encontramos casas seculares, prédios e antigas construções que marcam o passado de nossa terra e relembram antigos  costumes e o engrandecimento de nossa gente.
BATURTÉ CONHECIDA COMO CIDADE INTELECTUAL, PARA LÁ FORAM EVANGELIZADORES, PROFESSORES, PADRES, COLONIZADORES, ESCRITORES, POETAS E PENSADORES, CONSTRUTORES, HOMENS QUE SE DEDICARAM AO BEM ESTAR DO POVO, POLÍTICOS, CONQUISTADORES, EXPLORADORES, AGRICULTORES, CAFEICULTORES, PLANTADORES DE CANA, DONOS DE ENGENHO E LATIFUNDIÁRIOS.
NOS SECULARES CASARÕES, DO TEMPO COLONIAL, HOMENS E GRANDES MULHERES ESCREVERAM SUAS HISTÓRIAS FAMILIARES, CONSTRUIRAM SEUS DESCENDENTES, FIZERAM PARTE DE NOSSAS VIDAS TAMBÉM.
O PRÉDIO DOS JESUITAS NO PARADOR DA SERRA FAZ JÚS AOS CONHECIDOS CASARÕES SECULARES, COMO O SOLAR DA FAMILIA RAMOS, IGREJAS E MONUMENTOS, O PALÁCIO ENTRE RIOS, O CÍCULO DE OPERÁRIOS, A ESTAÇÃO DA ANTIGA RVC, MUSEUS, E OUTROS.
A ARTE EM SUAS IGREJAS, SUAS IMAGENS SECULARES E ANJOS BRROCOS DESAFIAM O TEMPO DA GRANDE RELIGIOSIDDE JESUÍTICA E SALESIANA, COMO TAMBÉM DAS IRMÃS DA CARIDADE DE LUIZA DE MARILAC. SEUS PRÉDIOS E COLÉGIOS QUE COOPERARAM COM O ENSINO FORMAL TEMOS MUITO A AGRADECER AOS QUE POR ALI PASSARAM DEIXANDO RASTROS DE FORMAÇÃO E SABEDORIA NO CORAÇÃO DE NOSSOS JOVENS.
SABEMOS DE MUITAS FAMILIAS QUE PARA LÁ SE DIRIGIRAM À PROCURA DE UM CLIMA NAS RUAS DA MINHA CIDADE, DEZENAS DE CASARÕES SE ESPALHAM REVIVENDO O PASSADO QUE FAZEM PARTE DE NOSSA HISTÓRIA!
AQUELES SALÕES COLONIAIS DE PEDRA E CAL GUARDAM LEMBRANÇAS, EMOÇÕES, AMORES, RECORDAÇÕES E ETERNAS PAIXÕES, ALGUMAS ESQUECIDAS E OUTRAS BEM GUARDADAS. 

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

VEREDAS DA SERRA


(Gracinda Calado)

Quem vai a Baturité subindo a serra, depara-se com uma vista maravilhosa!

O desfiladeiro das montanhas se estende formando uma cadeia de verde de todas as tonalidades.

O caracol das estradas oportuniza a gente deslumbrar os caminhos que passamos além das belezas tropicais entre os frutos e as flores que enfeitam as estradas.

Quanto mais subimos a serra mais vistas espetaculares se descortinam em nossa frente.

Aqui e acolá quedas de águas transparentes saltam aos nossos olhos como véus de noivas. Continuando a subir a serra, encontramos vendedores de frutas nas estradas vendendo seus produtos: siriguelas, sapotis, cajaranas, cajás, mangas, laranjas, tangerinas, bananas, jacas, enfim uma variedade enorme de frutas.

Várias mansões aparecem como também clubes e hotéis de veraneios. O ponto alto é Remanso hotel de serra, a pousada das flores e outras.

Algumas pousadas se instalam no meio da serra, em lugares de difícil acesso, em contato permanente com a natureza, lá se pratica ‘trilhas’ e a mata é muito fechada.

Encontramos sítios e canaviais que fabricam aguardente e outras bebidas.

Na região dos canaviais encontramos engenhos onde se fabrica rapadura, alfenim e melaço. Dizem que agora já exportam esses produtos para vários países, com sabores e essências de frutas.

Às margens das estradas, dezenas de restaurantes oferecem os mais saborosos pratos da região, frutas e verduras fresquinhas ao mais exigente paladar dos fregueses, enquanto saboreiam os mais deliciosos vinhos e aproveitam o ar puro e o clima de 17 graus.





segunda-feira, 20 de agosto de 2012

PESSOAS PASSAM EM NOSAS VIDAS...


Gracinda Calado

Muitas pessoas passam em nossas vidas como anjos.

Algumas como flores passam perfumando tudo.

Outras passam como chuvas de verão, passam e vão embora.

Algumas nos ajudam a subir, dando-nos as mãos para levantar nosso corpo.

Pessoas como anjos solitários da noite chegam e saem devagarzinho como plumas de algodão.

Em minha vida passaram pessoas como furacões, devastando tudo; outras não significaram nada, pois nem as lembro muito bem; outras deixaram marcas e outras cicatrizes.

Algumas nos deram carinho e nos ajudaram a levantar. Outras passaram como rios caudalosos, lavando nosso coração das tristezas e das imperfeições.

Outras deixaram suas marcas, fincaram raízes e floresceram.

Pessoas existem que tomam conta de nosso ser e tornam-se proprietárias dele.

Algumas deixaram saudades, como se nós não pudéssemos viver sem elas.

Algumas são como rosas, enfeitam nossas vidas, transformam nosso coração, aliviam nossas dores e iluminam nossa alma.

Não sei qual pessoa você é. Sei qual pessoa eu sou: desejo ser em sua vida o perfume das flores para perfumar a sua vida e lhe fazer muito feliz!



terça-feira, 14 de agosto de 2012

FALECIMENTO DE CLETO DA COSTA CALADO

Estamos consternados com o falecimento de nosso querido irmão Cleto da Costa Calado,
ocorrido ontem dia 13/8/12.

Pedidmos suas oraçõs pelo conterraneo que tanto amava nossa querida Baturité.

Capitão Cleto era filho do capitão Faraó da Costa Calado, militar que morou e trabalhou a serviço da cidade e do país no serviço militar, e como diretor do tiro de guerra 249/

Cleto residia em Salvador Bahia, tinha 78 anos. Durante sua juventude concluiu seus estudos na Escola Apostólica de Baturité.  Aos 18 anos foi servir o exército e se engajou na carreira de militar e professor do Colégio Militar da Bahia, sendo reformado nos anos 2010.

A familia Calado agradece suas orações.

(Gracinda Calado agradece aos meus companheirosdo blog : Memória de minha terra pelas orações para meu irmão, Obrigada!)

terça-feira, 3 de julho de 2012

DOCE BALANÇO DE AMOR!

DOCE BALANÇO DE AMOR!


Gracinda Calado

As ruas, as paisagens, o chão molhado de orvalho , os roseirais, as samambaias penduradas nos terraços, as janelas abertas o dia todo, são características da minha cidade.

À noite cadeiras nas calçadas com ar de fraternidade, amizade, socialização. Suas ruas, seus casarões seculares, suas ladeiras em curvas, flores miúdas à beira dos caminhos, riachos que cantam em todos os lugares!

Assim é minha cidade! Uma saudade! Sempre levando a gente, nas coisas pequenas, simples, nos inspirando amores, enchendo nossos corações de lembranças: de uma linda mangueira, uma rua onde brincamos quando criança, um pomar, uma estação de trem, uma igreja, uma roda gigante, campo de futebol, um banho de rio, um passeio de bicicleta, os amigos, um sorriso largo!

Quando penso em minha gente, me vejo naquele coreto da praça ornamentado de flores e florais e de benjamins. Sinto-me sentada nos bancos da pracinha com os amigos ou namorados, esperando o sol se por, ou a lua chegar. No colégio, as colegas de classe, as brincadeiras, jogos de bola ou de pedras, pula corda, ou balanços ingênuos, brinquedos sem pretensões!

Saudades das novenas, das missas, dos desfiles na semana da pátria, dos carnavais, das festas juninas e sabe Deus o que mais penso que me dá saudades!

É preciso ir na minha cidade para novamente sentir o seu cheiro, o seu sabor, o seu tempero, o seu calor, sua música, seu jeito de mulher madura!

Mulher de fé, cheia de mistérios e pudores, é minha cidade chamada Baturité!






Gracinda Calado

As ruas, as paisagens, o chão molhado de orvalho , os roseirais, as samambaias penduradas nos terraços, as janelas abertas o dia todo, são características da minha cidade.

À noite cadeiras nas calçadas com ar de fraternidade, amizade, socialização. Suas ruas, seus casarões seculares, suas ladeiras em curvas, flores miúdas à beira dos caminhos, riachos que cantam em todos os lugares!

Assim é minha cidade! Uma saudade! Sempre levando a gente, nas coisas pequenas, simples, nos inspirando amores, enchendo nossos corações de lembranças: de uma linda mangueira, uma rua onde brincamos quando criança, um pomar, uma estação de trem, uma igreja, uma roda gigante, campo de futebol, um banho de rio, um passeio de bicicleta, os amigos, um sorriso largo!

Quando penso em minha gente, me vejo naquele coreto da praça ornamentado de flores e florais e de benjamins. Sinto-me sentada nos bancos da pracinha com os amigos ou namorados, esperando o sol se por, ou a lua chegar. No colégio, as colegas de classe, as brincadeiras, jogos de bola ou de pedras, pula corda, ou balanços ingênuos, brinquedos sem pretensões!

Saudades das novenas, das missas, dos desfiles na semana da pátria, dos carnavais, das festas juninas e sabe Deus o que mais penso que me dá saudades!

É preciso ir na minha cidade para novamente sentir o seu cheiro, o seu sabor, o seu tempero, o seu calor, sua música, seu jeito de mulher madura!

Mulher de fé, cheia de mistérios e pudores, é minha cidade chamada Baturité!



domingo, 24 de junho de 2012

lembranças de Baturité

LEMBRANÇAS DE BATURITÉ


Gracinda Calado

À tardinha tinha o costume de passear nas calçadas largas, enfeitadas de árvores de benjamins muito verdes, sentindo o cheiro de mato que vinha na brisa suave da serra.

Dirigia-me à casa das “Francos”, conhecidas como: Doralice, Iolanda e Maria Alice. Pessoas castas, puras, nem televisão possuíam para não ver as coisas do progresso, nas novelas e nos filmes. Para elas tudo era pecado.

Um dia nas minhas férias trouxe para Fortaleza a Maria Alice, a fim de se tratar de uma esclerose múltipla. Em minha residência todos os dias ela assistia as novelas e gostou muito, viu que não era tão mal...

Ao voltar para Baturité levei com ela, (Maria Alice) uma televisão preto e branco, de 14 polegadas. As irmãs resistiram em ligar o aparelho, para não verem os beijos das novelas, depois quando já decidiram ligar o aparelho e isso aconteceu depois de uma grande luta. Elas fechavam os olhos na hora dos beijos, fechavam os olhos para não haver o risco de pecarem.

Depois que se acostumaram não queriam mais desligar o aparelho.

Sua residência era contornada de flores e o perfume de rosas se espalhava por toda a rua e a todos que passavam aguçava a curiosidade de parar para ver o que acontecia naquele lugar tão prazeroso! Iolanda era a encarregada de cuidar das plantas e das flores do jardim, como também dos doces que nos oferecia no lanche da tarde com biscoitos sequilhos que ela mesma fazia.

Conversávamos bastante, rezávamos o terço às seis horas e o ângelus, enquanto Doralice com a sua sabedoria impecável, contava histórias de romances que ela lera. (ela leu 1000 romances). Dentre todos, os clássicos de autores portugueses, espanhóis e sempre os brasileiros da sua predileção, como Machado de Assis, que ela tinha uma adoração, pois havia lido todos os romances de Machado.

Forçadamente desde pequena criei o habito de ler por causa de Doralice que me castigava para contar os romances que eu lera durante a semana. Felizmente fui gostando da brincadeira e me apaixonei pela literatura. Devo a minha amiga Dora, que carinhosamente chamava assim, com ela trocava saberes literários e me sentia muito bem.

Uma coisa engraçada, “aconteceu” quando Maria Alice faleceu, coitada, pela manhã já estava morta enquanto as outras a esperavam para o café da manhã. Iolanda chamou-me e disse: “Não quero ver a cara de Maria Alice, tenho pavor a defunto”, logo eu indaguei:”e quando for você”? “Ora, nem me fale, não quero saber dessa coisa horrorosa de morte. Quando eu morrer não quero que ninguém me veja morta. Vou fazer o possível para não morrer”. Comecei a rir...

Ela disse-me: “Não quero ver a Dora morta, tenho medo dela. Acho que vou morrer de medo se ela for primeiro que eu.” Falava-me assim da morte e eu sentia que ela tinha medo de morrer, para ela era um suplicio o assunto.

Morreu a Iolanda, ficou a minha amiga Doralice. Depois de algum tempo seus familiares a levaram para Fortaleza, de onde ela nunca havia ido, nem conhecia de fotos, pois para ela, era lugar de perdição.

Morreu minha amiga Dora aos cem anos. Sem razão de si mesma, demente, e nem mais se lembrava dos seus romances e de suas aventuras literárias. Foi se encontrar com os que na sua vida só lhe deram prazer de ler os seus romances.

Sou muito grata a ela pela influencia de seus livros que hoje repasso a alegria do que aprendi aos meus filhos e netos.

Obrigada Doralice!



quinta-feira, 14 de junho de 2012

CANTARES

CANTARES.


Gracinda Calado

Os cantares eram alegres alvissareiros.
Ao cair da tarde era romântico ver as andorinhas procurando os ninhos na torre para aquecer seus filhotes.
Como eram lindos os pintassilgos nos gorjeios matinais despertando os corações juvenis.
As rolinhas pulavam na grama verde à procura de sementes maduras.
No ar um gostoso mistério da natureza impulsionava as aves do quintal com seus cocoricós, avisando que puseram ovos fresquinhos e mais tarde se transformariam em lindos pintinhos, enfeitavam a paisagem sertaneja.
Momentos de grande beleza era a vida ao ar livre rodeada de encantos e de flores às margens dos caminhos por onde passavam os apreciadores da natureza.
Quando a chuva fina chegava, era como um banho que lavava a alma, com a água pura, transparente, que escorria nos corpos, tirando todas as impurezas da carne.
De repente o sol aparecia e mais luz e sinfonia de cores se manifestavam em toda a natureza inflada de beleza.
O cheiro de frutas no ar refrescava a paisagem que se apresentava gloriosa!
Flores, mil flores, desfilavam aos nossos olhos admirados pela variedade de cores e de perfumes que tinham os roseirais.
Nos ninhos, pequenas cabeças se ‘buliam’, renascendo entre gravetos os futuros pássaros que mais tarde inquietariam os amantes do silêncio.


Os cantares da natureza, são como ecos em nossa alma, que nos acompanham em toda a nossa existência e se juntam a outros “cantares” que durante toda a nossa vida fizeram parte de nós e fazem ainda a nossa história.


Foi nesse clima de natureza exposta e nua que eu nasci e cresci. Envolvi-me com seus mistérios e seus cantares, desde o amanhecer até a chegada da lua com pressa para aparecer. Nos jardins de minha cidade os sons mais comuns eram os sons dos pássaros que circundavam os benjamins verdejantes. A calma do lugar deixava sentir o vento que chorava à procura da montanha que se espalhava altaneira e bela, como um tapete verde de fazer inveja! Nas ruas enfeitadas de flores em seus jardins ou jardineiras, as abelhas se alimentavam discretamente sem intervenção de ninguém. Como vão longe os meus cantares e os meus olhares na minha querida cidade de Baturité!








terça-feira, 12 de junho de 2012

CASTELO DOS MEUS SONHOS

MONÓLOGO (Este texto foi inspirado nas lembranças da velha casa do sitio Monte Castelo)

CASTELO dos meusSONHOS
Gracinda Calado

Estou aqui para te ver, falar contigo,

Sentir o teu cheiro forte de passado.

Desarrumar teus baús e no fundo encontrar meus tesouros!

Não sei porque estou aqui a ti falar em tom severo,

Se depois de tantos anos de separação eu te desprezei!

A minha alma até hoje sente tua falta;

Teus segredos, teus carinhos nunca me esqueci.

Aqui no castelo os dias já foram de alegria.

Talvez de tristezas também.

Tuas paredes não mudaram, continuam fortes e seguras

Nem o vento derrubou!

Do outro lado da rua ficava a casa do meu bem.

Todas as tardes ele ficava na janela a me esperar,

Às vezes ele mandava bilhetinhos pela moça da varanda ao lado.

Morria de vontade de ir até lá, falar-lhe qualquer coisa!

Tu és testemunha de que fui fiel ao seu apelo,

De repente eu estava apaixonada e ele também.

Lembro-me do meu primeiro poema, foi para ele que eu escrevi,

E ele ficou todo prosa! Aí veio a resposta, não gostei. Sabes por quê?

Ele estava apaixonado! Não acreditei.

Na minha vida tudo mudou, estou só, sem amor, sem ninguém!

Não se esqueça de guardar os meus segredos no castelo de meu bem!

quarta-feira, 6 de junho de 2012

FRAGMENTOS INTERIORES

FRAGMENTOS INTERIORES ( LEMBRANÇAS DO PASSADO DISTANTE EM BATURITÉ, MINHA TERRA NATAL)


GRACINDA CALADO
Abri a porta. Nenhuma luz dentro da sala. Os móveis continuam nos lugares de sempre.O cheiro de mofo é embriagador.
Quantos anos são passados? Quantas noites e quantos dias sem a luz que iluminava tudo nos seus lugares?
Olho no quarto, a velha cama não se encontra mais. Na parede os quadros de Jesus e Maria, estão desbotados e perderam a cor. Estão pálidos, como as saudades que sinto agora e a tristeza que me angustia.
O baú que guardava os falsos tesouros, sem vida, violados pelo tempo que levou os segredos, que outrora significava importância e mistério.
O espelho na parede, corroído pela erosão do tempo, reflete mil imagens destorcidas, fantasmagóricas, imperfeitas, não segurou o tempo com sua força estranha de ver o tempo passar em cada rosto e em cada ruga.
Onde está a rede que embalava meus sonhos de criança? Ainda ouço o ruído do armador que eu pincelava com óleo para não fazer barulho.
Que saudades dos dias felizes que aqui vivi. A mesa grande, coberta de lindas toalhas bordadas de labirintos, alva como algodão. Os talheres brilhavam a luz do dia como prata de quilate especial. Os copos de vidro pareciam finos cristais...
Ainda vejo no canto ao lado do fogão, minha querida Maria fazendo doces e comidinhas gostosas para nós, e minha mãe preparando o pé de moleque mais gostoso da cidade!
Ainda ouço a voz de meus pais na hora das refeições, nos convidando para o almoço ou jantar. Na sobremesa, meu pai descascava frutas para todos nós, e no seu rosto a luz da felicidade brilhava em seu olhar, e no seu sorriso o prazer de ter todos os filhos ao seu redor!










segunda-feira, 4 de junho de 2012

MILAGRES DE DEUS

MISTÉRIOS E MILAGRES DE DEUS


Gracinda Calado

Nossas vidas são cheias de mistérios.

Além de tudo milagres que surgem a cada hora em nosso dia a dia.

O milagre das flores, que desabrocham a cada manhã com seus perfumes, embriagando o ar e embelezando a natureza com suas cores.

O milagre dos astros que povoam o espaço sideral, cada qual no seu lugar!

O milagre dos mares que noites e dias sem parar movimentam as águas numa jornada esplendorosa de cores de esmeraldas, fazem nascer a vida dos peixes e de todos os crustáceos.

O milagre do vento que sopra onde quer, domina todos os lugares, levando o frescor das manhãs e das noites que embalam nossos sonhos e fantasias!

O milagre da chuva que cai e molha aterra, faz renascer as plantas e dá vida aos homens e aos animais. Mata a sede e renova os seres vivos que esperam pelo milagre da criação divina!

O milagre dos grãos que explodem do fundo da terra levando aos homens o alimento necessário a vida.

O milagre do sol que arde e aquece a terra para fazer florescer as árvores e as plantações, amenizar o frio e renovar a vida sobre a terra!

O milagre dos pássaros que gorjeiam nas matas onde tiram o seu sustento.

O milagre da vida, que nasce no útero materno, e depois de nove meses, enfrenta o mundo com seus mistérios e suas aflições!

O milagre da morte, que faz renascer para a vida eterna a alma abençoada pela força divina do seu criador!



terça-feira, 29 de maio de 2012

FLORADAS NA SERRA


FLORADAS NA SERRA
(Gracinda Calado)

Quando chega o verão, na serra tudo fica diferente.Nossa alma vai em busca das flores pelo perfume que exalam e embriagam. Sonhamos com primaveras perdidas nas montanhas e a sensação de frio nos leva a pensar em solidão.
Quando amanhece na serra, a serração cobre tudo de cinza depois se esvai cobrindo o cafezal vermelho. Nosso corpo treme ao toque da água cristalina do riacho, que teima em correr devagar, preguiçosamente em busca do rio. O frio é intenso e depois de alguns goles de café, saímos a passear estrada afora vendo a paisagem que se muda a cada hora.
Lá do alto da serra a água cai, acompanhando as grotas íngremes que se estendem nas encostas dos montes seguindo o curso dos abismos que se formam nas estações invernosas.
Avistamos de longe, no seu cume, um tapete de cores formado pelos ipês floridos, multicores, que todas as manhãs encobrem o chão de flores, enquanto na copa das árvores pássaros cantadores cantam demonstrando seus gorjeios favoritos.
A serra cobre-se toda de azuis e amarelos, vermelhos e brancos.
Anoitece e ao longe desconfiada surge à lua ciumenta, naquela noite fria. Nos ninhos alguns casais de “pintados” sacodem as penas para aquecer seus filhotes..
Vem chegando o sol, e com ele a esperança de esquentar a alma que se prepara para o encontro do amor.
Casais de enamorados passeiam naquela tarde fria, um no aconchego do outro, descobrem lindos versos e lindas canções de amor para elevar ainda mais a alma apaixonada!
O amor floresce, como floresce a natureza do lugar. Surgem as floradas e como elas algumas historias de amor!



sábado, 26 de maio de 2012

UMA VIAGEM AO PASSADO

UMA VIAGEM AO PASSADO


Gracinda Calado

Saindo de Fortaleza, rumo ao interior do Estado do Ceará, principalmente sertão sul, nos deparávamos com surpresas incalculáveis nas terras áridas do Nordeste.

No caminho passava boi, passava boiada, árvores e plantações de algodão e roçados floridos em pleno mês de Junho/julho, planícies, e plantações de cana de açúcar, que se emolduravam em plena cidade de Redenção.

Na frente, curvas e ladeiras desbravadas no coração da serra de Itapaì, deixavam um friozinho no peito, e logo o medo ia embora quando o pensamento viajava nas ondas da música da máquina a vapor: “café com pão, café com pão”, e o coração batia forte rumo aos sonhos e as fantasias da juventude, e para atrás as saudades e lembranças das boas férias.

Nas curvas do caminho o vento batia em nosso rosto juvenil, sentíamos o gosto e o perfume das frutas da estação quase chuvosa, e a beleza natural das flores que se descortinava aos nossos olhos!

Lá ia o trem, subindo e descendo a ladeira! A querida maria-fumça, contornava as curvas perigosas nas encostas da serra.O cheiro de mato e de eucaliptos deixava um perfume no ar, e o prazer da viagem aumentava e logo chegaria ao destino desejado, a cidade de Baturité.

Quando o trem parava na estação a variedade de guloseimas e frutas eram vendidas em tabuleiros,e as uvas preta em cestinhas, muito procuradas pelos passageiros do trem. A máquina demorava um pouco a fim de se abastecer de água e carvão que logo foi substituído por óleo diesel.

Da estação avistava-se a cordilheira de montanhas que formavam o maciço com seu verde dégradé e seu clima ameno, era um convite a todos que chegavam na cidade para conhecer as belezas da terra.

Os passageiros desciam do trem e logo ficavam curiosos com as ladeiras de nossa cidade, o verde em suas praças, e os encantadores benjamins, como também seus floridos jardins.

Aos que partiam, uma saudade gravada em seus corações.

Aos que ficavam, a alegria de voltar ao torrão natal!