DIVINO ESPÍRITO SANTO DE DEUS!

Divino Espírito Santo de Deus, que derrama sobre todas as pessoas as graças de que merecemos, hoje e sempre nos acompanha nas trajetórias de nossas vida. Amém.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

O ANO VELHO ESTÁ MORRENDO!


Gracinda Calado
O ano passou e passaram as tristezas, as alegrias, as incertezas, as angústias, as inseguranças, tudo que vivemos e convivemos com ele.
Só não passaram: a esperança, a coragem, a serenidade e a vontade de viver.
Com otimismo encontramos forças para resistir a tudo que nos machucou, decepcionou ou torturou intimamente, ou deixou marcas profundas em nossa alma.
Percorremos caminhos, fizemos amigos, deixamos rastros, pegadas, raízes entre as pessoas que amamos.
Dentro de cada um de nós floresceram alguns sentimentos bons: de fraternidade, solidariedade, justiça, enquanto se fortificaram a esperança do amor e a capacidade de dizer: “te amo”, ou "preciso de ti”.
Fomos crianças ao embalo das manhãs claras a espera de um milagre de vida.
Fomos felizes, enquanto arrancávamos as traças, a poeira e pequenas sujeiras da alma, porque soubemos conviver com as injustiças e as ingratidões, muitas vezes com quem mais amamos.
O espetáculo do ano que passou, terminou!
Tivemos perdas, mas tivemos muitos ganhos, e uma necessidade imensa de repensar a nossa vida, fazer balanço de nossas novas amizades, refletir velhos conceitos e acontecimentos!
Floresceram em nossas consciências os propósitos de avaliar tudo aquilo que não teve acréscimo para o nosso crescimento espiritual e os que acrescentaram algo em nossa convivência, principalmente com nossos familiares e amigos mais próximos.
Para que a festa que se aproxima, com o ano que vem, 2012 seja perfeita, esqueçamos os dissabores, as mágoas do passado e tudo aquilo que nos incomoda.
Que o raiar de novo ano nos traga a certeza de que seremos muito felizes e o ano seja pleno de realizações.
Saibamos usar nossa inteligência a serviço do bem e da felicidade ; saibamos fazer também felizes os que gostam de nós. Para isto usaremos as nossas falhas para corrigir os erros que acarretaram tristezas e dissabores a alguém.
Sigamos então o caminho, recomeçando, redescobrindo, reaprendendo ser feliz e fazendo alguém também feliz, com muita coragem, força e muita compreensão!
Feliz Ano Novo!!!!!!!2012.





quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

MEU PRESÉPIO DE NATAL

MEU PRESÉPIO DE NATAL


Gracinda Calado

A manjedoura foi feita de laços de amizade. Ao seu redor muitas flores de paixão e rosas do coração! Forrei a caminha com cetim azul anil, da cor do manto de Maria.


Enfeitei os quatro cantos por onde os reis magos iriam passar e a Jesus adorar, com palmas verdes da esperança de um mundo inteiro melhor!


Perfumei todo o lugar com jasmins, orquídeas, rosas brancas e vermelhas, as cores da caridade e do amor, incensos de alecrim, alfazemas, como o amor de Maria.


Coloquei um lindo tapete de pétalas vermelhas, da cor do sangue de Jesus, que mais tarde derramaria na cruz!


São José, Nossa Senhora, lado a lados do presépio esperando a criancinha que logo nasceria, e anunciaria ao mundo inteiro o Evangelho verdadeiro!


Uma luz, igual a uma estrela branca reluzente, transparente, coloquei em cima da gruta iluminando a todos os que esperavam Jesus!


À meia noite ou noite e meia, o menino chorou na manjedoura, estava toda enfeitada e iluminada. Nessa hora os anjos de papel que eu fiz, criaram vida e cantaram para o nosso Salvador: Jesus, o Filho querido de Deus!


Todos os homens O veneram, o mundo se ajoelhou, agora na manjedoura, o divino Menino nasceu!


Aos poucos tudo se transformou em verdade desde o seu nascimento: O Filho que Deus nos deu de corpo e alma como nós, é nosso irmão, nosso pulsar do coração, a nossa salvação!

sábado, 10 de dezembro de 2011

MINHA ÁRVORE DE NATAL


GRACINDA CALADO

PENSEI FAZER UMA ÁRVORE COM TUDO DE BOM


QUE EU TENHO GUARDADO, COMO AS GRANDES ÁRVORES


QUE CONHEÇO. INICIO PELA RAIZ: PONHO MUITO ADUBO,


QUE É O AMOR DO MEU CORAÇÃO.


MEUS FERTILIZANTES PREFERIDOS SÃO: O CARINHO, A AMIZADE , A UNIÃO.


NO CAULE, PARA FICAR FORTE E VIÇOSO,


A GRATIDÃO DE MEUS FILHOS E O CALOR DE MEUS NETOS.


MINHA ÁRVORE É BEM FLORIDA!


NOS GALHOS TODA A FORÇA E SEIVA DA VIDA!


GALHOS FRONDOSOS, MUITO VERDE, CARTÕES POSTAIS VERDADEIROS.


MEUS IRMÃOS, MEUS AMIGOS, AS AMIZADES ESCOLHIDAS...


EM SUA COPA, LEMBRANÇAS DOS MEUS PAIS TÃO QUERIDOS!


NA PONTA DE CADA GALHO, UMA LUZ, ASSIM A ÁRVORE FICACARÁ ENFEITADA


E NO DIA DO ANIVERSÁRIO DE JESUS, VOU COM ELA ADORÁ-LO!


LÁ NO ALTO, NO GALHO MAIS DISTANTE, PARA QUE TODOS VEJAM MINHA ÁRVORE,


COLOCAREI UMA FAIXA, TODA FEITA DE ORVALHO, ESCRITO ASSIM:


“HOJE É O ANIVERSÁRIO DE UM MENINO PRODÍGIO, DE TANTO AMAR O SEU POVO, MORREU NO MADEIRO SAGRADO!”


NAS PONTAS DE CADA GALHO COLOCAREI FLORES VERMELHAS DE CARINHO;


OUTRAS BRANCAS PERFUMADAS, CARREGADINHAS DE PAZ!!!!


ALGUMAS AMARELAS, COMO O OURO DE OFFIR, OUTRAS MULTICORES,


COMO JOIAS DE PRIMAVERA! TUDO ISSO PARA GLORIFICAR MEU JESUS,


QUE MORREU/ RESSUSCITOU PARA MAIOR GLÓRIA DA GENTE,


UM DIA VOLTARÁ GLORIOSO, TRIUNFANTE RELUZENTE!!!!!!


JESUS!



terça-feira, 29 de novembro de 2011

OS RIOS DA MINHA CIDADE



Gracinda Calado


Os rios da minha cidade nascem nas cabeceiras da serra, desembocam no meu coração. Em suas nascentes fios de água choram límpidos como o sangue de minhas veias.
Correm serenas suas águas, banham o leito do meu corpo, amenizando a temperatura de minhas veias.
Os rios da minha cidade arrastam lembranças, carregam saudades, de suas ruas, de suas vielas, de suas ladeiras e de seus casarões!
Os rios de minha cidade, pulsam em minhas veias como o sangue de minhas artérias, levam oxigênio ao meu coração.
Os rios de minha cidade, não são rios quaisquer, são lágrimas dos que se foram com vontade de voltar.
Os rios de minha cidade, carregam flores e frutos em seu seio de águas claras, enfrentam pedras e árvores, nos caminhos mais difíceis, enfrentam secas e torrentes, invernos e verões, correm com o vento e o tempo, levam lembranças, saudades que vivem sempre em meu pensamento.
Os rios da minha cidade já me banharam em batismo, como a pia batismal do maior sacramento, da igreja e do sacrário da minha santa da Palma, onde nasci e recebi o meu nome primeiro.
Os rios da minha cidade não param de correr, passam em montes e barrancos, ruas e vilarejos, como a vida de seus filhos que não cansam de viver.
Os rios da minha cidade correm em meu corpo inteiro, levam saudades infindas da minha mocidade. Os rios da minha cidade são os rios do meu coração, foram ontem, são hoje e serão sempre guardados no meu coração!

terça-feira, 15 de novembro de 2011

LEMBRANÇAS DE BATURITÉ

LEMBRANÇAS DE BATURITÉ

Gracinda Calado

À tardinha tinha o costume de passear nas calçadas largas, enfeitadas de árvores de benjamins muito verdes, sentindo o cheiro de mato que vinha na brisa suave da serra.

Dirigia-me à casa das “Francos”, conhecidas como: Doralice, Iolanda e Maria Alice. Pessoas castas, puras, nem televisão possuíam para não ver as coisas do progresso, nas novelas e nos filmes. Para elas tudo era pecado.

Um dia nas minhas férias trouxe para Fortaleza a Maria Alice, a fim de se tratar de uma esclerose múltipla. Em minha residência todos os dias ela assistia as novelas e gostou muito, viu que não era tão mal...

Ao voltar para Baturité levei com ela, (Maria Alice) uma televisão preto e branco, de 14 polegadas. As irmãs resistiram em ligar o aparelho, para não verem os beijos das novelas, depois quando já decidiram ligar o aparelho e isso aconteceu depois de uma grande luta. Elas fechavam os olhos na hora dos beijos, fechavam os olhos para não haver o risco de pecarem.

Depois que se acostumaram não queriam mais desligar o aparelho.

Sua residência era contornada de flores e o perfume de rosas se espalhava por toda a rua e a todos que passavam aguçava a curiosidade de parar para ver o que acontecia naquele lugar tão prazeroso! Iolanda era a encarregada de cuidar das plantas e das flores do jardim, como também dos doces que nos oferecia no lanche da tarde com biscoitos sequilhos que ela mesma fazia.

Conversávamos bastantes, rezávamos o terço às seis horas e o ângelus, enquanto Doralice com a sua sabedoria impecável, contava histórias de romances que ela lera. (ela leu 1000 romances). Dentre todos, os clássicos de autores portugueses, espanhóis e sempre os brasileiros da sua predileção, como Machado de Assis, que ela tinha uma adoração, pois havia lido todos os romances de Machado.

Forçadamente desde pequena criei o habito de ler por causa de Doralice que me castigava para contar os romances que eu lera durante a semana. Felizmente fui gostando da brincadeira e me apaixonei ela literatura. Devo a minha amiga Dora, que carinhosamente chamava assim, com ela trocava saberes literários e me sentia muito bem.

Uma coisa engraçada, “aconteceu” quando Maria Alice faleceu, coitada, pela manhã já estava morta enquanto as outras a esperavam para o café da manhã. Iolanda chamou-me e disse: “Não quero ver a cara de Maria Alice, tenho pavor a defunto”, logo eu indaguei:”e quando for você”? “Ora, nem me fale, não quero saber dessa coisa horrorosa de morte. Quando eu morrer não quero que ninguém me veja morta. Vou fazer o possível para não morrer”. Comecei a rir...

Ela disse-me: “Não quero ver a Dora morta, tenho medo dela. Acho que vou morrer de medo se ela for primeiro que eu.” Falava-me assim da morte e eu sentia que ela tinha medo de morrer, para ela era um suplicio o assunto.

Morreu a Iolanda, ficou a minha amiga Doralice. Depois de algum tempo seus familiares a levaram para Fortaleza, de onde ela nunca havia ido, nem conhecia de fotos, pois para ela, era lugar de perdição.

Morreu minha amiga Dora aos cem anos. Sem razão de si mesma, demente, e nem mais se lembrava dos seus romances e de suas aventuras literárias. Foi se encontrar com os que na sua vida só lhe deram prazer de ler os seus romances.

Sou muito grata a ela pela influencia de seus livros que hoje repasso a alegria do que aprendi aos meus filhos e netos.

Obrigada Doralice!

ADEUS A MINHA AMIGA DORALICE

(UMA SAUDADE ETERNA)
Gracinda Calado
Recebi a notícia da morte de Doralice, fiquei muito triste, porém ela cumpriu sua missão na terra, e aos 100 anos, se foi levando na sua bagagem a devoção a Nossa Senhora, o amor a Deus acima de tudo e a certeza da salvação eterna, que ela sempre pregava aos amigos mais próximos.
Doralice foi uma amiga que gostava de ler e contar histórias... A sua vida inteira dedicara-se à leitura. Foi professora primária, porém seus conhecimentos superavam o grau de escolaridade que ela teve na mocidade. Quando nos aproximávamos dela tinha logo uma boa notícia de um bom livro que lera ultimamente.
Todo o meu amor pelos livros e pela literatura eu devo a essa mulher, pois quando pequena me emprestava livros de histórias, e romances na minha adolescência. O tempo passou e ela já estava velhinha e eu sempre a visitava nas férias, levando na sacola um bom pacote: livros e revistas culturais. Ela ficava ansiosa para lê-los logo, não tinha tempo mais para nada!!!
Que felicidade ela me proporcionou, e eu tenho certeza que a ela proporcionei também muita alegria!
DORA foi secretária de meu querido pai, na junta de alistamento militar nos anos 40 e 50, até 61. Ele terceu elogios grandiosos a sua pessoa e de muita gratidão pelos serviços prestados a ele e ao Exército brasileiro, na época da guerra.
Agora amiga Doralice, repousa no céu, tenho a certeza disto, pela mulher pura e virtuosa que era. Obrigada Deus, por ter conhecido em toda a minha vida uma mulher como Doralice Franco!

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

UIRAPURU

GRACINDA CALADO
VÔA UIRAPURU, NESSE CÉU IMENSO, ONDE AS ESTRELAS FAZEM O SEU BANQUETE!

VÔA ENTRE AS ÁRVORES DA SERRA, SEM RUMO E EM LOUCO DESATINO.

VÔA NOS RICÕES DO MATO VERDE DA FLORESTA, ENFEITADA DE FLORES E IPÊS.

PÁSSARO CANTADOR, SEU CANTO É TRISTE COMO A PRECE DOS DEUSES FLORESTAIS!

EM HARMONIA CANTA TODAS AS CANÇÕES DOS ANJOS E ORFEUS.

SEU BICO DOCE E MÁGICO CANTADOR, CANTA ESCONDIDO NAS FOLHAGENS VERDEJANTES.

MAGIA E ENCANTAMENTO DAS PASSARADAS E DOS BEIJA-FLORES,

SEGURA O CANTO COMO SE FOSSE MORRER DE DORES.

SERESTEIRO CANTADOR DA MINHA TERRA, CANTA CANÇÕES DE AMORES.

VÔA UIRAPURU, CANTADOR DAS MATAS VIRGENS ESCONDIDAS

NOS RICÕES DAS SERRANIAS VERDEJANTES, VÔA ALTO SOLITÁRIO,

MOSTRA SEU CANTO DE BONITO MUSICAL DAS PLAGAS ESQUECIDAS.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

PERFIL DE MINHA CIDADE

Gracinda Calado
Deslumbrando um vasto véu, a cidade exibe-se por sobre os montes enfileirados de verdes e de cores, reverenciando o sol e a natureza pura.


Em seus contornos emoldurados de azul do céu, rios e riachos escorrem lentamente suas águas frescas banhando os quatro cantos da cidade em alegria sutil.


Estradas e ladeiras tomam o rumo de sua geografia infinita e deixam-se interagir com os casarões de pedra e cal, ornadas de jardins e de flores, enquanto a noite cai trazendo o orvalho doce da serra sobre a cidade aberta para receber a brisa gostosa das madrugadas.


O cheiro de mato e do café exala o néctar dos frutos e das flores silvestres, e nas manhãs os pássaros vêm cantar em nossa janela.


Cidade de nossos sonhos e de nossos amores! Cidade abençoada pelos deuses e pelos raios de sol que banham suas casas e seus casarões coloridos. Cidade das luzes e da religiosidade popular, dos conventos e dos intelectuais.


Cidade que retrata o doce perfil da natureza embalada pela grandeza de sua história de mais de 150 anos de luta e de vitórias!


Cidade do cheiro de mato verde, de terra molhada, de água fresca, de árvores centenárias, jasmins e bromélias. Enfeitada pela natureza deixa transparecer seu orgulho em seus murais, seus paredões, no vôo dos seus pardais e de suas negras andorinhas que migram ao amanhecer do dia para voltarem à noitinha e agasalhar seus filhotes!


Com és bela minha cidade! Como és querida minha linda cidade de Baturité, a rainha do Maciço encravada no coração da serra!


Teu sol e teu luar hão de sempre brilhar nas caladas de tuas primaveras em contato com a doce energia do universo e das estrelas que enfeitam teu manto sagrado bordado de cristais!


Aos teus pés depositamos nossos amores e nossas dores nas saudades que envolvem o nosso eterno passado!

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

NATUREZA VIVA

Gracinda Calado

Em meu pequeno jardim observo alguns animais e fico perplexa ao ver que cada um tem sua personalidade, seu modo de se conduzir, de se comportar, de interagir com a natureza.
Bem ali subindo no galho da árvore uma lagarta verde, cheia de pernas se contorce lentamente à procura de folhas verdes fresquinhas, novas e delicadas para comer. Seu corpo é de uma flexibilidade espetacular e seu contorcionismo é idêntico ao dos artistas de circo.
Fico atenta às borboletas douradas que dificilmente aparecem por aqui. É de extraordinária beleza e sedução. Ficam paradas no ar vibrando as asas, depois voam em outra direção. No mesmo instante, outras borboletas aparecem de cores multicoloridas como arco-íris. Elas chegam exibem suas asas brilhantes e fogem rapidamente.
Mais adiante numa papoula vermelha que acabara de desabrochar, chega um beija-flor faceiro, bate as asas com força que parece até uma música! Fica quase parado no ar e suga o mel da flor mas não se satisfaz, corre a beijar outra papoula amarela. A variedade de cores se mistura, o azul do beija-flor com a cor amarela da flor, as ramagens verdes e outras papoulas vermelhas tudo se combina, tudo se confunde com a natureza do lugar.Tento sair dali, não posso, pois está tudo muito interessante!
Sabe quem chegou de repente? Um velho sapo que meus netos chamam de “cazuza”, todos os dias ele chega passeia em todo o jardim, come alguns mosquitinhos e fica ali parado na beira da água esperando outras presas. “Cazuza” já está velho, há anos que nós o conhecemos aqui entre as gramas e nas plantinhas rasteiras onde os besouros fazem a festa de todas as manhãs.Deixo o velho sapo no seu canto e volto o olhar para o meu gatinho que está quase sentado na mureta do jardim apreciando todo movimento lá em baixo. Seus olhos azuis brilham e sua atenção é tão grande que parece está pensando algo que não sabemos, pois ele não se move, parece uma estátua viva.
Seu nome é Nino, muito meigo e manhoso, não se mistura com outros gatos, parece que é preconceituoso, só porque seu pelo é belo, marrom, sedoso, sua raça é siamês.A sua idade ninguém acredita, mas tem 15 aninhos é muito feliz!
Acho que eu já falei demais. Assim nessa carreira vou longe! Depois conto a história de outros animais.A lagartixa branca, a barata cascuda, a perereca rosada, e as abelhas africanas no caramanchão.Os sapinhos filhos do “cazuza”, só chegam à noite para divertir a criançada.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

PASSEIO NA SERRA

( Gracinda Calado )
No casarão do sítio a vista era maravilhosa.!Enquanto na serra se avistava uma cordilheira de picos, cada qual, mais alto entre os rios da região.
O que a vista alcançava, o verde predominava naquela manhã de verão.
O sítio são Francisco era um paraíso! Na época de safra boa, a cana era levada para o engenho para fazer rapaduras.
Enquanto a garapa escorria no engenho, bebíamos aquela gostosura, mais doce que o mel que saía das caldeiras quentes.
À tardinha íamos apreciar as cachoeiras que caiam em vários lugares, abertos aos que delas quisessem aproveitar o banho maravilhoso!
Muitas surpresas nos guardava o dia a dia lá na serra!.
Pela manhã, o frio não deixava que acordássemos cedinho para ver o sol nascer nos montes enfileirados.
Depois do café, vestíamos nossa roupa de banho e saíamos rumo aos poços de águas cristalinas para o banho.
A volta era triste, no caminho , enfrentávamos as pedras e os espinhos que geralmente só andávamos descalços.
Como era boa essa aventura! Melhor ainda era subir nas goiabeiras e retirar dali o fruto maduro.
Depois as siriguelas, tirados do pé, geladinhas pela própria natureza!
A maior curiosidade era assistir as rapaduras saírem das “ gamelas”, ainda quentes, já queríamos comer.
Corríamos de lá pra cá , na estrada do engenho para ver quem chegava primeiro em casa e se fartar com aquele balaio de frutas fresquinhas: laranjas, bananas, goiabas, siriguelas, tangerinas, abacates.
Uma verdadeira maravilha!
A noite chegava cedo, na serra; alegrava-nos a orquestra improvisada das cigarras, que cantavam fazendo grande barulho para nós.
A serra toda rezava às seis horas das ave-marias, e se ouvia os murmúrios das árvores e dos pássaros, procurando seus ninhos para dormir.
Ficávamos ali, quietinhos, calados sem saber o que dizer, maravilhados com aquele mistério da natureza.
Nossos corações batiam fortes e se uniam a tudo aquilo naquela hora mágica!
Logo chegou a hora de dormir e descansar das aventuras do dia que passou!

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO/ 7 de Outubro

(Lembranças de Baturité)
Gracinda Calado
Tinha apenas nove anos, quando eu morava na Av. Proença, próximo a Igreja de Nossa Senhora do Rosário.
Era uma igreja antiga, de arquitetura colonial, muito simples, mas suas imagens eram lindas. A imagem de Nossa Senhora era esplêndida e ao mesmo tempo muito simples, talvez pela simplicidade da santa com o menino Jesus nos braços e um rosário nas mãos.
Sempre que a igreja estava aberta eu corria até lá para apreciar Nossa Senhora, e o seu olhar brilhante e transparente, para o menino Jesus.
Dificilmente celebravam missa lá, quase sempre estava fechada.
Ela ficava bem no centro de uma avenida, onde transeuntes passavam e carros faziam retorno em torno dela para protegê-la. Sinto saudades daquele tempo, quando no dia 7 de outubro os padres celebravam missa e a igrejinha ficava aberta para admiração de todos.
Um dia qualquer, não me lembro exatamente a data passei e a igrejinha não estava mais no lugar. Só havia um amontoado de entulhos de tijolos.. Fiquei aflita “quem fez essa maldade”, repetia várias vezes, ninguém me dava explicações. Como dar explicações a uma garota de nove anos?
Nossos pais se mudaram para outro bairro, bem distante do centro onde havia a igreja do Rosário. Alguns anos depois, houve uma campanha no meu bairro para a construção de uma Igreja. Era no bairro das Lages.
Meus pais se empenharam muito na construção da Igreja, que seria muito importante para aquela comunidade. Enfim chegou o dia da inauguração da Igreja. Toda nossa família estava presente na solenidade e na missa.
Eu já era mocinha, tive uma grande surpresa, que jamais me esqueci.
Olho para o altar e reconheço a santa que tanto eu amava com o menino nos braços e o rosário. Chorei de alegria e senti uma emoção tão grande!
Pensava que não encontraria mais aquela imagem que para mim era uma recordação da minha infância. Pedi explicação ao meu pai. Ele explicou-me que a Igreja de antes, estava deixando em risco os que por ali passavam de carro, pois sua localização era muito antiga e a cidade se preparava para o progresso e o desenvolvimento. Fiquei feliz, pois a santa veio ao meu encontro.
Hoje não moro em Baturité, minha terra natal, mas a igreja de Nossa Senhora do Rosário continua lá, no bairro das Lages, esperando pela minha visita, cada vez que vou a Baturité.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

À MARGEM DO RIO. (LEMBRANÇAS DE BATURITÉ)

Gracinda Calado

O rio passava ao lado de nossa casa. Ele já fazia parte de nossa vida. Ao acordar ouvíamos o barulho que vinha de lá e o seu gemido era de dor e desespero. A violência das águas nas pedras jogava-as nas alturas, como se fossem subir ao céu.
Quando a chuva chegava, o volume das águas aumentava e ia destruindo tudo pela frente. Muitos animais eram arrastados pelas correntezas, pessoas se acidentavam caindo nas pedras, e em outras situações houve casos de mortes.
Apesar de tudo o espetáculo era majestoso! Quem não gostava de apreciar a natureza fazendo festa a qualquer hora manifestando sua força e coragem! Crianças afoitas se jogavam nas águas barrentas do rio, e desesperadas se agarravam a qualquer coisa para não morrerem.O pontilhão da estrada, que passava sobre o rio, ficava coberto de árvores e galhos, pedaços de madeiras que desciam das encostas das nascentes, vindos da serra, e outros que se amontoavam em diversos lugares do rio enrolados em cipós, arames, bambus, tragicamente davam proteção aos ‘corajosos’.
Havia épocas em que desfrutávamos dos banhos como praias de areias brancas, e os frutos maduros caiam do pé dentro do rio e nós nadávamos até eles para disputar “quem primeira chegar ganha a fruta madura”. Todos se interessavam para saborear os cajus vermelhos caídos do pé. Sem falar nas manguitas amarelas, cheirosas e doces, das árvores plantadas às margens do rio das Lages.
Na época de águas baixas, a pesca do camarão animava as crianças para a pescaria, depois os coitados eram assados e comidos no mesmo lugar do abate. Tempo bom aquele, em que tudo se fazia na natureza e não destruíamos seus valores, pois tudo era observado pelos nossos pais.
No tempo de férias convidávamos os colegas para as brincadeiras no sitio, os banhos de rio, a caça aos passarinhos, e a gostosa pescaria de camarões.
Quantos sonhos passaram por nós, quantas gargalhadas, quantas brincadeiras, quantas alegrias encheram de emoções nossas vidas!

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

VELHAS ÁRVORES DA MINHA TERRA

GRACINDA CALADO

“Olhem estas velhas árvores à beira do caminho!”

Elas estão sempre ali levando o tempo,

Protegem os pássaros das procelas da vida,

São elas que à noite os protegem do frio intenso,

E durante o dia dão seus frutos como alimento.

Velhas árvores, já sofreram tantos vendavais,

Árvores velhas, mais que belas;

Suas folhas verdes cheias de oxigênio

Embelezam suas copas nuas tão viçosas!

Árvores que acolhem os viajantes distraídos,

Oferecem suas sombras carinhosas,

De suas copas tão lindas e frondosas

Árvores amigas e tão esquecidas!

Árvores vivas, quase mortas,

Ninguém abraça mais seus galhos,

Que como braços fortes se entrelaçam!

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

MOMENTOS FELIZES!

GRACINDA CALADO
Aproveitando o feriado, arrumei minha sacola e fui rumo ao meu passado.
Dizem que quando estamos tristes e vazios, devemos voltar à terra que nos viu nascer.
Foi o que fiz. Meu coração batia loucamente durante a viagem. Tudo era tão familiar, tão bonito! Finalmente cheguei ao meu destino.
A imagem de minha mãe me acompanhava em todos os meus passos.
Entro na rua que dá para a nossa antiga chácara, onde momentos felizes vivi com meus pais e meus irmãos, quando criança e adolescente.
Passo em frente ao colégio onde estudei, Colégio Maria Auxiliadora das irmãs salesianas.
Há poucos passos encontro meu chão, minhas raízes estão lá! Olho aquele chão onde em noites de luar parecia uma grande lagoa azul dos contos de fadas. Sinto o cheiro das flores e das rosas que minha mãe cultivava. Lá estava a pitombeira, a mesma velha árvore dos meus dias de felicidades, quando eu puxava seus galhos pesados de frutas pequeninas e doces!
Entro na antiga casa sinto cheiro de minha mãe, que perfumava tudo que pegava. Seu perfume tinha o aroma dos bougarys, das violetas e dos jasmins branquinhos.
Lembrei-me de suas rosas “la france”, tão lindas e tão cheias de espinhos! Seus perfumes embriagavam, principalmente nas noites de primavera.
Vou a cozinha não vejo aquilo que nos atraía na hora do almoço: uma grande terrina de bacalhau português regado com bastante azeite para fazer o gosto de meu pai.
Que saudades! Saudades dos momentos de “serões” na varanda, onde meu pai contava histórias e a gente logo dormia.
Meu peito estava para explodir, preferí sair um pouco para respirar.
O ar daquele lugar não é igual a outro qualquer! É puro, perfumado tem muito oxigênio, pois tem muitas árvores!Ouço o barulho do rio que corre sem parar...
Sinto cheiro de mato fresco, de pardais, de frutas frescas, de sol e de cajá.
Cada vez mais me envolvo no passado distante e peço a Deus para me dar muita saúde para eu sempre voltar ao meu torrão natal!
Não vejo mais minha mãezinha, nem meu pai, eles já se foram! Para sempre.!
Que saudades da minha linda cidade Baturité!
Sei que ainda morrerei de saudades!

terça-feira, 13 de setembro de 2011

TARDE FRIA

 (Memórias de Baturité)


Gracinda Calado

A tarde ia caindo, e o dia despedia-se da terra!
Um vento frio prenunciava uma noite fresca nos rincões da serra e a serração estendia-se por sobre os montes verdes, floridos, e chegava ao sopé da cordilheira.
Na cidade as luzes eram acesas anunciando que a noite chegara cedo.
Nas praças e jardins as pessoas se encontravam, passeavam pra lá e pra cá!
Muitas vezes era necessário um bom agasalho para amenizar o frio. Algumas gostavam daquela temperatura amena que preparava a todos para um sono tranqüilo. Aos poucos a rua ia ficando mais calma, não se ouvia grandes ruídos.
Nas caladas da noite, às vezes, só ouvíamos os latidos dos cães ou o pio das corujas agasalhando seus filhotes.
Nas ruas cheias de sombras dos benjamins que enfeitavam a cidade, passávamos em paz, enquanto o vento urgia nas folhagens verdes das árvores trazendo de longe o perfume das flores do campo e dos jasmins.
A noite era clara, mas o frio em nossa pele convidava-nos ao aconchego das cobertas. As luzes das casas já se apagavam lentamente, e dentro de alguns lares sentia-se o cheiro do café que era tomado para esquentar o frio.
Tudo isso nos lembra nossa terra, quando éramos pequenos e sentíamos a cor e o perfume da natureza que se derramava toda para nos beneficiar com sua beleza! Nos jardins as flores orvalhadas desabrochavam exibindo sua magia natural. Os bichinhos e as borboletas iam ao encontro da luz e fugiam do escuro para beijar outras flores...
Felizes somos nós que sorvemos desses sabores naturais e sabemos o que é bom e verdadeiro em nossas vidas.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

A DANÇA DAS BORBOLETAS (MEMÓRIAS DE BATURITÉ)

Gracinda Calado

Uma borboleta chegou muito faceira, invadiu o jardim e ficou.
Dançou e rodopiou na roseira.

Chegou assim de repente, sem pedir licença a ninguém.

Fez festa nas flores, sugou o mel de todas elas e dançou.

Chegaram outras borboletas...

Na dança das borboletas eu sonhei.

Na dança das borboletas eu imaginei você sorrindo...

Na dança das borboletas o seu amor era lindo!

Lindo, colorido de mil cores sem igual.

A borboleta faceira era azul me entreguei;

A borboleta vermelha era bailarina, dancei.

As cores rosadas eram das borboletas elegantes, não competi.

A borboleta amarela era a mais singela, atrativa e sensual...

No meu sonho eu era a borboleta lilás, agressiva, poderosa sem igual.

Você fazia parte do meu sonho, das minhas cores e da minha vida.

Você era a roseira preferida de todas as borboletas do jardim!

sábado, 3 de setembro de 2011

ESTAÇÃO DAS FLORES


(Gracinda Calado)
Quando chega a primavera, vamos correndo em busca das flores. Vamos em busca de suas cores. Flores brancas, vermelhas, amarelas, lilases, roxas, cor de rosas, azuis, flores vivas, orvalhadas, perfumadas, botões de flores esperando pelo sol para sorrir.

Na natureza tudo é festa na primavera! Os jardins inspiram amores, e as flores soltam beijos multicores.

Quando nascem as flores, os corações sorriem de prazer. Em cada coração vive uma canção. Flores vermelhas são paixões alucinadas, encarnadas, cor de sangue e de “sofrer.”

Flores amarelas, singelas, perfumadas, orvalhadas, são sinais de fertilidade e de amor.

Flores roxas, são sofridas, coloridas, são paixões recolhidas, são amores mal vividos, são “morrer”. Flores azuis, da cor do céu, são as graças de Maria nossa mãe, são rezas, milagres, são orações. Flores cor de rosas, mimosas, ardorosas, cuidadosas, são viçosas.

Flores brancas, são lindas, são de paz, jamais se confundem com nenhuma outra flor. Quando tudo floresce vamos correndo buscá-las, são flores que os olham jamais sonharam em vê-las.

Quando chegam as flores chegam também os amores, cantando numa canção e o mundo gira e tudo renasce trazendo paz para o coração!

Quando tudo isto acontece, cantamos de emoção, louvamos de alegria, ao universo e a criação!

ESTAÇÃO DAS FLORES!


(Gracinda Calado
Quando chega a primavera, vamos correndo em busca das flores. Vamos em busca de suas cores. Flores brancas, vermelhas, amarelas, lilases, roxas, cor de rosas, azuis, flores vivas, orvalhadas, perfumadas, botões de flores esperando pelo sol para sorrir.

Na natureza tudo é festa na primavera! Os jardins inspiram amores, e as flores soltam beijos multicores.

Quando nascem as flores, os corações sorriem de prazer. Em cada coração vive uma canção. Flores vermelhas são paixões alucinadas, encarnadas, cor de sangue e de “sofrer.”

Flores amarelas, singelas, perfumadas, orvalhadas, são sinais de fertilidade e de amor.

Flores roxas, são sofridas, coloridas, são paixões recolhidas, são amores mal vividos, são “morrer”. Flores azuis, da cor do céu, são as graças de Maria nossa mãe, são rezas, milagres, são orações. Flores cor de rosas, mimosas, ardorosas, cuidadosas, são viçosas.

Flores brancas, são lindas, são de paz, jamais se confundem com nenhuma outra flor. Quando tudo floresce vamos correndo buscá-las, são flores que os olham jamais sonharam em vê-las.

Quando chegam as flores chegam também os amores, cantando numa canção e o mundo gira e tudo renasce trazendo paz para o coração!

Quando tudo isto acontece, cantamos de emoção, louvamos de alegria, ao universo e a criação!

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

CANTARES

Gracinda Calado
Os cantares eram alegres alvissareiros.
Ao cair da tarde era romântico ver as andorinhas procurando os ninhos na torre para aquecer seus filhotes.
Como eram lindos os pintassilgos nos gorjeios matinais despertando os corações juvenis.
As rolinhas pulavam na grama verde à procura de sementes maduras.
No ar um gostoso mistério da natureza impulsionava as aves do quintal com seus cocoricós, avisando que puseram ovos fresquinhos e mais tarde se transformariam em lindos pintinhos, enfeitavam a paisagem sertaneja.
Momentos de grande beleza era a vida ao ar livre rodeada de encantos e de flores às margens dos caminhos por onde passavam os apreciadores da natureza.
Quando a chuva fina chegava, era como um banho que lavava a alma, com a água pura, transparente, que escorria nos corpos, tirando todas as impurezas da carne.
De repente o sol aparecia e mais luz e sinfonia de cores se manifestavam em toda a natureza inflada de beleza.
O cheiro de frutas no ar refrescava a paisagem que se apresentava gloriosa!
Flores, mil flores, desfilavam aos nossos olhos admirados pela variedade de cores e de perfumes que tinham os roseirais.
Nos ninhos, pequenas cabeças se ‘buliam’, renascendo entre gravetos os futuros pássaros que mais tarde inquietariam os amantes do silêncio.

Os cantares da natureza, são como ecos em nossa alma, que nos acompanham em toda a nossa existência e se juntam a outros “cantares” que durante toda a nossa vida fizeram parte de nós e fazem ainda a nossa história.
Foi nesse clima de natureza exposta e nua que eu nasci e cresci. Envolvi-me com seus mistérios e seus cantares, desde o amanhecer até a chegada da lua com pressa para aparecer. Nos jardins de minha cidade os sons mais comuns eram os sons dos pássaros que circundavam os benjamins verdejantes. A calma do lugar deixava sentir o vento que chorava à procura da montanha que se espalhava altaneira e bela, como um tapete verde de fazer inveja! Nas ruas enfeitadas de flores em seus jardins ou jardineiras, as abelhas se alimentavam discretamente sem intervenção de ninguém. Como vão longe os meus cantares e os meus olhares na minha querida cidade de Baturité!






quarta-feira, 24 de agosto de 2011

CASTELO DOS MEUS SONHOS

MONÓLOGO (Este texto foi inspirado nas lembranças da velha casa do sitio Monte Castelo,
em Baturité- Ce)
CASTELO DOS MEUS SONHOS

Gracinda Calado

Estou aqui para te ver, falar contigo,


Sentir o teu cheiro forte de passado.


Desarrumar teus baús e no fundo encontrar meus tesouros!


Não sei porque estou aqui a ti falar em tom severo,


Se depois de tantos anos de separação eu te desprezei!


A minha alma até hoje sente tua falta;


Teus segredos, teus carinhos nunca me esqueci.


Aqui no castelo os dias já foram de alegria.


Talvez, não sei, de tristeza também.


Do outro lado da rua ficava a casa do meu bem.


Todas as tardes ele ficava na janela a me esperar!


Às vezes mandava bilhetinhos pela moça da varanda ao lado.


Morria de vontade de ir até lá falar-lhe qualquer coisa!


Tu és testemunha de que fui fiel ao seu apelo.


De repente eu estava apaixonada e ele também!


Lembro-me do meu primeiro poema, foi para ele que escrevi,


E ele ficou todo prosa! Aí veio a resposta, não gostei. Sabes por quê?


Ele estava apaixonado! Não acreditei!


Tuas paredes não mudaram, continuam fortes e seguras,


Nem o vento derrubou!


Na minha vida tudo mudou, estou só, sem amor, sem ninguém!


Não se esqueça de guardar os meus segredos no castelo de meu bem!


domingo, 21 de agosto de 2011

NO CORAÇÃO DO MACIÇO


GRACINDA CALADO

Subindo a serra de Baturité rumo a Guaramiranga o clima vai amenizando o calor e uma brisa gostosa nos envolve fazendo-nos sentir o abraço carinhoso da natureza.

Enquanto caminhamos em caracóis pelos caminhos, a vista deslumbrante da serra em cordilheiras nos presenteia com um belíssimo espetáculo.

Árvores gigantescas seculares que envolvem seus galhos em outras árvores como abraço, árvores que derramam seus ramos como chorões caídos fazendo cortinas verdes, árvores que se enfeitam de flores roxas e amarelas como os ypês, árvores que se diferenciam das outras árvores como os bambus que se fecham em moitas grins.

Descendo as ladeiras avistamos o cafezal em flor parece um tapete vermelho coberto de frutinhas e cerração em tempo de inverno.

Na serra temos a impressão que estamos pertinho do céu, até podemos sentir o cheiro de Deus nas gotas de orvalho da noite passada nas manhãs frias.

Descendo os grotões rumo aos sítios e fazendas, avistamos maravilhosos canaviais que serpenteiam as margens dos rios que descem refrescando ainda mais a região. Mais à frente o bananeiral exuberante se apresenta encantando mais ainda nossos olhos.

Nas estradas de terra batida e nos atalhos de caminhos encontramos comboios de vendedores de frutas que vão à feira de Baturité vender ou trocar seus produtos. Pés descalços, roupas cobertas de nódoas dos pomares encharcados de leite que escorre das frutas fazendo manchar suas roupas e eles nem se dão conta de tudo isso.

A casa da fazenda ou do sitio está lá! Lugar privilegiado por Deus e pela a natureza! No coração da serra, testemunha de tanta beleza e de tanta felicidade gratuita.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

CADEIRAS NA CALÇADA (memórias de Baturité)

Gracinda Calado
Todas as noites soprava o vento do Cangatí.

O calor era grande e na calçada todos se reuniam para tomar uma fresca na hora que o vento passava.

Ali , na calçada pessoas passavam, algumas paravam para trocar um dedo de prosa.

Não havia quem não se aproveitasse daquela situação singular, com suas cadeiras de balanço na mesma hora e local na calçada.

Vizinhos se reuniam para aproveitar o frescor nas largas calçadas da cidade.

Vendedores de picolé, de coxão de noiva,’ tijolim,’ cocada, puxa-puxa, etc,

.iam e vinham vendendo seus produtos e guloseimas aos freqüentadores das calçadas.Os assuntos que saíam nas conversas, dependiam dos acontecimentos daquele dia: quem fugiu com quem, quem se casou com quem, “fulano se separou, a filha do sr.F está no caritó, o menino do casal R, nasceu”, e por ai se desenrolava até meia-noite o “converser.” Às vezes as gargalhadas ecoavam no silencio da quase madrugada, quando a conversa era engraçada.

Quem morreu, quem nasceu, todos os freqüentadores das calçadas sabiam logo, e ao,amanhecer as noticias saíam quentinhas como o pão da padaria mais próxima.Em meia hora toda a cidade já sabia o que acontecera durante a noite.

Mesmo assim era muito divertida a vida na cidade!

Hoje não se pode mais sentar nas calçadas...

Todos se fecham em suas casas e obrigatoriamente vão assistir televisão.

Até quando viveremos assim, prisioneiros, dentro de nossas próprias casas!

Os cadeados são a segurança, o pavor assola a cidade e não se tem mais aquele aconchego gostoso dos tempos atrás em que todos se socializavam com suas trocas de experiências ou ajuda mútua nos momentos difíceis em família. As novelas não substituíram ainda a reciprocidade de amizades entre as famílias que antes se agrupavam nas suas calçadas saboreando o prazer do luar de verão ou a brisa que soprava nas quase madrugadas.

Dizem que é o progresso, o culpado pela dessocialização e a individualidade entre as pessoas, principalmente nas cidades do interior.

O medo tomou conta de nossas emoções; não podemos mais confiar nas pessoas, principalmente nas ruas.



quinta-feira, 18 de agosto de 2011

CASARÕES ANTIGOS DE BATURITÉ

GRACINDA CALADO
NAS RUAS DA MINHA CIDADE, DEZENAS DE CASARÕES SE ESPALHAM REVIVENDO O PASSADO QUE FAZEM PARTE DE NOSSA HISTÓRIA!


AQUELES SALÕES COLONIAIS DE PEDRA E CAL GUARDAM LEMBRANÇAS, EMOÇÕES, AMORES, RECORDAÇÕES E ETERNAS PAIXÕES, ALGUMAS ESQUECIDAS E OUTRAS BEM GUARDADAS.


CENTO E CINQUENTA E DOIS ANOS SÃO PASSADOS E O MESMO CHÃO QUE ELES PISARAM, REVIVE AINDA EMOÇÕES! FILHOS NETOS, BISNETOS, TRINETOS SE ENCANTAM COM SUAS HISTÓRIAS VERDADEIRAS, CANÇÕES E CANTARES DE VULTOS QUE DEIXARAM MARCADAS SUAS PASSAGENS NAS PRAÇAS E JARDINS, ESQUINAS E CORREDORES DAS ANTIGAS RUAS E CASARÕES DA CIDADE. EM CADA PLACA UMA HISTÓRIA, UM MARCO DE AMOR E GLÓRIA!


MILHARES DE FAMILIAS TRADICIONAIS SE DEDICARAM À EDUCAÇÃO, À SAÚDE, PÚBLICA E AS ATIVIDADES SOCIAIS DE NOSSA TERRA, SEM MEDIREM ESFORÇOS PARA O ENGRANDECIMETO DE NOSSA GENTE.


BATURTÉ CONHECIDA COMO CIDADE INTELECTUAL, PARA LÁ FORAM EVANGELIZADORES, PROFESSORES, PADRES, COLONIZADORES, ESCRITORES, POETAS E PENSADORES, CONSTRUTORES, HOMENS QUE SE DEDICARAM AO BEM ESTAR DO POVO, POLÍTICOS, CONQUISTADORES, EXPLORADORES, AGRICULTORES, CAFEICULTORES, PLANTADORES DE CANA, DONOS DE ENGENHO E LATIFUNDIÁRIOS.


NOS SECULARES CASARÕES, DO TEMPO COLONIAL, HOMENS E GRANDES MULHERES ESCREVERAM SUAS HISTÓRIAS FAMILIARES, CONSTRUIRAM SEUS DESCENDENTES, FIZERAM PARTE DE NOSSAS VIDAS TAMBÉM.


O PRÉDIO DOS JESUITAS NO PARADOR DA SERRA FAZ JÚS AOS CONHECIDOS CASARÕES SECULARES, COMO O SOLAR DA FAMILIA RAMOS, IGREJAS E MONUMENTOS, O PALÁCIO ENTRE RIOS, O CÍCULO DE OPERÁRIOS, A ESTAÇÃO DA ANTIGA RVC, MUSEUS, E OUTROS.


A ARTE EM SUAS IGREJAS, SUAS IMAGENS SECULARES E ANJOS BRROCOS DESAFIAM O TEMPO DA GRANDE RELIGIOSIDDE JESUÍTICA E SALESIANA, COMO TAMBÉM DAS IRMÃS DA CARIDADE DE LUIZA DE MARILAC. SEUS PRÉDIOS E COLÉGIOS QUE COOPERARAM COM O ENSINO FORMAL TEMOS MUITO A AGRADECER AOS QUE POR ALI PASSARAM DEIXANDO RASTROS DE FORMAÇÃO E SABEDORIA NO CORAÇÃO DE NOSSOS JOVENS.


SABEMOS DE MUITAS FAMILIAS QUE PARA LÁ SE DIRIGIRAM À PROCURA DE UM CLIMA AMENO E SADIO, UMA MELHOR QUALIDADE DE VIDA PARA SEUS FILHOS, NETOS E BISNETOS, FINCARAM SUAS RAIZES E CRESCERAM COMO AS ÁRVORES DAQUELE CHÃO!


HOJE AINDA ENCONTRAMOS CASAS SECULARES, PRÉDIOS E ANTIGAS CONSTRUÇÕES QUE MARCAM O PASSADO DE NOSSA TERRA E RELEMBRAM ANTIGOS COSTUMES DE UM PASSADO DISTANTE DE MENTES ILUMINADAS E DE CORAÇÕES EM FESTA, FORMAM A COROA DE LOUROS QUE OSTENTA O PASSADO, O PRESENTE E O FUTURO DE BATURITÉ!





terça-feira, 16 de agosto de 2011

TERRA QUERIDA, BATURITÉ!

Terra querida!
Hoje amanhaceste mais velha,
como as tuas árvores mais belas!
Recebe o meu amor
que eu te dou, nos versos
Mais que simples, como tu.
Vejo-te como estas árvores floridas,
que recebem os caminheiros,
em todos os teus lugares santos!........................................................................................................

VELHAS ÁRVORES DA MINHA TERRA!


GRACINDA CALADO

“Olhem estas velhas árvores à beira do caminho!”

Elas estão sempre ali levando o tempo,

Protegem os pássaros das procelas da vida,

São elas que à noite os protegem do frio intenso,

E durante o dia dão seus frutos como alimento.


Velhas árvores, já sofreram tantos vendavais,

Árvores velhas, mais que belas;

Suas folhas verdes cheias de oxigênio

Embelezam suas copas nuas tão viçosas!

 
Árvores que acolhem os viajantes distraídos,

Oferecem suas sombras carinhosas,

De suas copas tão lindas e frondosas

Árvores amigas e tão esquecidas!

 
Árvores vivas, quase mortas,

Ninguém abraça mais seus galhos,

Que como braços fortes se entrelaçam!

sábado, 13 de agosto de 2011

MINHA QUERIDA CIDADE DE BATURITÉ

MINHA HOMENAGEM NESTE DIA DE TEU ANIVERSÁRIO: 9 DE AGOSTO DE 2011

GRACINDA CALADO

Eu nasci em verdes plagas
Cercadas pelo arrebol,
À noite mirava a lua
De dia beijava o sol.

Minha terra tão amada,
Quantas saudades de ti
Da minha infância querida
Que nunca há de voltar!

Às vezes fico pensando
Nas ruas da minha cidade,
Por muitas vezes brincando
Vivi minha mocidade!

Lembro-me bem dos amigos,
Do tempo da minha infância,
Tenho uma vontade tão grande
De voltar a ser criança!

Seus jardins e seus bosques
De flores e encantos mil,
Os benjamins e quiosques
Mais bonitos do Brasil!

A buganvília florida
Inda vive em meu coração,
As trepadeiras queridas,
Que eu zelava com devoção.

As andorinhas em bando
Lá na torre da matriz
Trazem lágrimas aos olhos
Do tempo que eu era feliz!

Quando era dia de chuva
Tudo cheirava a molhado
As águas faziam curvas
Nos seus antigos telhados!

Ó minha Baturité!
De alegres recordações,
Inda tenho nos ouvidos
O barulho dos trovões!

Pena que tudo mudou
Na minha linda cidadã
Porque o asfalto acabou
Com sua simplicidade!

terça-feira, 9 de agosto de 2011

LOUVADA SEJA A TERRA QUE NOS GEROU: BATURITÉ!

PARABÉNS BATURITÉ PELO SEU ANIVERSÁRIO, 9DE AGOSTO!
Gracinda Calado
Louvada seja a terra que nos gerou!
Deu-nos seu sangue que corre nas veias dos rios.
Multiplicou a carne com os frutos variados,
Alimentou o corpo que nutre suas entranhas,
Sustenta a força do vento e dos vendavais.

Louvada a terra que nos dá o pão de cada dia,
Multiplicado na mesa do Senhor!
Dá-nos a seiva viva das árvores verdejantes,
A água pura cristalina das fontes,
O mar com suas riquezas infinitas.

Louvada terra dos rios caudalosos,
Do solo rico e fértil das florestas,
Do céu azul com astros, e cometas,
Estrelas e planetas cintilantes harmoniosos.

Dos peixes que cortam os rios e os mares,
Das flores que enfeitam os jardins floridos.
Das aves que gorjeiam nas palmeiras.
Da aragem fresca das primaveras.

Louvada terra que é amiga da lua e do luar,
Respeita o sol e faz festa aos passarinhos!
Dos arco-íris coloridos, multicores.
Das borboletas que exibem suas cores!

PARABÉNS BATURITÉ PELO SEU ANIVERSÁRIO!

MINHA TERRA ( Baturité )
Gracinda Calado
Minha terra abençoada,
Em dias de novena,
Ou em dias de procissão,
Todos pagam promessas,
Na minha santa da Palma.

Depois da reza a oração,
Pedir a Deus seu perdão.
Minha terra adorada,
Quantas saudades de lá,
Dos serões nas calçadas,
Das noites de lua cheia,
Das serenatas dolentes,

Um dia haverei de voltar!
Minha terra que saudades...
Das tuas lindas lapinhas,
Dos folguedos no são João,
Das fogueiras e dos balões,
Das quermesses na matriz,
Da festa da padroeira,
Das rezas a noite inteira,
Dos terços e das novenas,

Nas casas de devoção,
Minha terra alvissareira,
Irei cantar-te horas inteiras.
Minha terra das flores,
Dos chorões e dos jasmins,
Das palmeiras e dos jardins,
Das roseiras e dos bosques,
Das flores e das canções,
Dos dias de primaveras,
Dos invernos e dos verões,
Dos outonos tão sutis,
Das noites e dos coretos,
Dos passeios na avenida,
Dos poetas amadores,
Dos fiéis cantadores.

domingo, 7 de agosto de 2011

UMA VIAGEM ESPETACULAR!


Gracinda Calado

Enquanto a máquina corria sobre os trilhos, uma nuvem de fumaça negra se espalhava no ar tomando formas as mais diversas. Meu coração viajava nas asas do vento e do meu pensamento. O perfume das flores do mato vinha dos arvoredos e se espalhava por todos os lugares do trem.

Nas curvas sinuosas tudo ficava para trás. À beira do caminho milhares de flores miúdas corajosamente enfrentavam o vai e vem do trem. Nos corredores pessoas passavam de um lado para outro, enquanto outras permaneciam caladas em seus lugares como eu e meus pensamentos.

As paisagens se descortinavam aos nossos olhos com rara beleza prestigiando a natureza bela! Ao longo dos prados verdes, lindos lagos e lagoas, roçados de cana de açúcar, bambuzais se espalhavam ao vento e no céu a fumaça não deixava de dominar tudo.

Meu coração sempre esperto batia acompanhando o balanço do trem, cheio de emoção e perplexidade pelo prazer da viagem. A velha máquina maria-fumaça corria e apitava sem medo de avisar nas estações que estava chegando ao lugar.

O sonho de adolescente deslumbrada se concretizava no balanço do trem e no vai-vem de alguns passageiros, nas coloridas paisagens, no perfume das flores do mato e na emoção do meu coração cheio de romantismo.

O balanço do trem era como música aos meus ouvidos e o seu apito era triste e inspirava saudades. Pensamentos distantes iam se incorporando às saudades e alegrias ao mesmo tempo, fazendo daquela viagem um marco na minha vida.

Por alguns momentos dos meus olhos escorriam lágrimas dizimando a solidão e também as lembranças de quem deixei para trás e de que partiu também.

O véu da minha imaginação foi rasgado quando no horizonte se descortinou o azul do céu com o verde das matas da serra e de repente meu coração pulava de felicidade ao se aproximar da minha cidade. Minha alma estava em paz, uma paz que não consigo explicar diante da beleza emoldurada da paisagem da minha terra.

O passeio chegou ao fim deixando em mim muitas saudades!

Finalmente abraço o coração da minha serra linda, altaneira, verdadeira obra da natureza!

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

ORAÇÃO DA COLINA


GRACINDA CALADO

No alto da colina uma imagem vestida de branco se ergue altaneira e majestosa.

Nossa Senhora de Fátima, a mais linda entre todas as mulheres.

Nas mãos ela traz um terço simbolizando o sacrifício dos cristãos a orar pela salvação do mundo e das almas. São contas de luz e de amor que descem de suas mãos imaculadas, noite e dia a nos convidar para oração.

Oh! Mãe de Deus e mãe nossa roga por todos os teus filhos de Baturité, que sofrem o descaso e o abandono dos poderosos; humilhações no trabalho, nas necessidades da sobrevivência do cotidiano.

Com o teu manto azul da cor do céu cobre-nos e protege-nos das tempestades e das secas que periodicamente assolam nossos caminhos, ó mãe de todos os cristãos.!

Abençoa os que sofrem sem emprego e sem lar, sem alimento e sem direção.

Proteja as criancinhas do mal e da perversidade dos adultos. Dá-lhes mãe adorada o alimento, todos os dias em sua mesa. Dá-lhes escola e casa para morar, saúde e proteção.

Do alto de teu pedestal espalha a tua luz que emana de tua divinal pureza, a todos os moradores da cidade de Baturité, que te elegeram como protetora.

Do alto da colina te avistamos e te rogamos o amor que Deus tanto pregou aos homens no seu evangelho. Que a amizade permaneça entre os irmãos.Que possamos ser mais generosos

Abençoa-nos mãe querida em nome de teu querido Filho Jesus, amém!

quinta-feira, 28 de julho de 2011

VERDES SONHOS DA MINHA TERRA, BATURITÉ.


Gracinda Calado

UM DIA HEI DE CANTAR TUAS RUAS,
TUAS MATAS, TEUS GROTÕES.
TERRA DOS SONHOS VERDES,
DAS PLAGAS E DOS ARREBÓIS,
MEU TORRÃO ALVISSAREIRO,
DAS NOITES FRIAS DE JUNHO;
DOS TEMPOS DE ENCANTAMENTOS,
QUE AINDA VIVEM PRESENTES
NOS NOSSOS PENSAMENTOS.

SAUDADES DAS NOVENAS,
DOS CORETOS E DAS LAPINHAS,
DAS CANTIGAS DE RODAS,
DAS CIRANDAS, CIRANDINHAS.
DAS PROCISSÕES E PASSEIOS
DAS OLAS NA PRACINHA,
DAS FESTAS DE SANTA LUZIA.
DAS ANIMADAS QUERMESSES,
NAS FESTAS DA SANTA DA PALMA.

DOS NAMOROS NO PORTÃO,
EM NOITES DE SÃO JOÃO.
DOS JARDINS BEM FLORIDOS,
DOS BENJAMINS VERDEJANTES,
DOS COLÉGIOS E DAS IGREJAS,
DOS BAILES E VESPERAIS,
DOS ANTIGOS CARNAVAIS.
DOS AMIGOS SINCEROS,
NÃO ESQUECEREMOS JAMAIS.

terça-feira, 26 de julho de 2011

FIM DE TARDE

Gracinda Calado

Fim de tarde no horizonte,
O sol despede-se do dia,
Cobrindo todos os montes.
O mar cintila como prata
Como contos de sereias,
Invadindo toda a areia!

Últimos raios quase mortos,
Cobrem toda a serrania,
Na hora triste da Ave-Maria.
No fundo azul do mar
Ondas brincam num balé,
Parecem que vão voar!

Fim de tarde na minha alma,
O céu cobre-se de vermelho,
O mar parece um grande espelho.
Lágrimas rolam no meu rosto,
De saudade e de incerteza,
Enchem meu peito de tristeza!

quinta-feira, 21 de julho de 2011

SE ME PERGUNTARES...

SE ME PERGUNTARES...
Gracinda Calado

Se me perguntares quem sou,

Responderei: sou o madrigal da serra verdadeira,

Gerada no frio das manhãs frescas da minha terra.

Se me perguntares quem sou responderei: sou a aragem que sopra

Nas noites mornas esperando o alvorecer.

Se me perguntares quem sou, saberás que sou aquela

Que chora de saudades do cheiro doce dos canaviais.

Se me perguntares quem sou responderei: sou aquela que

Acordava nas madrugadas para ouvir o canto dos sabiás.

Se me perguntares quem fui, responderei: fui o amor das verdes matas

Encantada pela natureza selvagem dos cafezais. Se me perguntares quem serei um dia, responderei: serei o canto do uirapuru

Escondido nos bambuzais, com medo das depredações.