SEPARAÇÃO DE ALDEMAR E GRACINDA (PELO DESTINO CRUEL DE SUA MORTE)
Gracinda Calado
Quando te deixei, naquele cantinho cheio de verde e de rosas...
Sangrava-me o coração e as lágrimas
que rolavam de meu rosto
Eram sangue rubro da cor da rosa
rubra que tu me deste.
Abençoado era o nosso amor, entre as
palmeiras e os vendavais do sitio.
Ainda ouço o cantar do galo que nos
acordava na madrugada fria,
Entre os cobertores e uma xícara de
café forte.
Quando te deixei naquele dia, nunca o
meu coração bateu tanto...
Com vontade de ir e de ficar, mesmo
querendo e sem querer.
Lembro-me do perfume das rosas e dos jasmins alvos como
algodão!
A grande pitombeira onde ficávamos
pelas manhãs de outono,
O vento forte varria tudo e deixava a
árvore sem folhas e coberta de frutinhas
Quantas vezes conversamos debaixo das
lindas mangueiras cobertas de flores e de frutos ainda verdes esperando a hora
de cair!
Noites de céu estrelado e luar
cintilante, cobriam nossas cabeças,
De paz o amor imenso, como se o céu
descesse para nos unir ainda mais!
Quando me deixaste naquele dia
fatídico, chorei ao me despedir de ti
Como se soubesse que não mais
voltarias, e os meus olhos não mais veriam o brilho do teu olhar no meu!
Se eu soubesse que não voltarias
mais, não havia te deixado partir!
Outubro (31/1974)