DIVINO ESPÍRITO SANTO DE DEUS!

Divino Espírito Santo de Deus, que derrama sobre todas as pessoas as graças de que merecemos, hoje e sempre nos acompanha nas trajetórias de nossas vida. Amém.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

PERFIL DE MINHA CIDADE

Gracinda Calado
Deslumbrando um vasto véu, a cidade exibe-se por sobre os montes enfileirados de verdes e de cores, reverenciando o sol e a natureza pura.


Em seus contornos emoldurados de azul do céu, rios e riachos escorrem lentamente suas águas frescas banhando os quatro cantos da cidade em alegria sutil.


Estradas e ladeiras tomam o rumo de sua geografia infinita e deixam-se interagir com os casarões de pedra e cal, ornadas de jardins e de flores, enquanto a noite cai trazendo o orvalho doce da serra sobre a cidade aberta para receber a brisa gostosa das madrugadas.


O cheiro de mato e do café exala o néctar dos frutos e das flores silvestres, e nas manhãs os pássaros vêm cantar em nossa janela.


Cidade de nossos sonhos e de nossos amores! Cidade abençoada pelos deuses e pelos raios de sol que banham suas casas e seus casarões coloridos. Cidade das luzes e da religiosidade popular, dos conventos e dos intelectuais.


Cidade que retrata o doce perfil da natureza embalada pela grandeza de sua história de mais de 150 anos de luta e de vitórias!


Cidade do cheiro de mato verde, de terra molhada, de água fresca, de árvores centenárias, jasmins e bromélias. Enfeitada pela natureza deixa transparecer seu orgulho em seus murais, seus paredões, no vôo dos seus pardais e de suas negras andorinhas que migram ao amanhecer do dia para voltarem à noitinha e agasalhar seus filhotes!


Com és bela minha cidade! Como és querida minha linda cidade de Baturité, a rainha do Maciço encravada no coração da serra!


Teu sol e teu luar hão de sempre brilhar nas caladas de tuas primaveras em contato com a doce energia do universo e das estrelas que enfeitam teu manto sagrado bordado de cristais!


Aos teus pés depositamos nossos amores e nossas dores nas saudades que envolvem o nosso eterno passado!

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

NATUREZA VIVA

Gracinda Calado

Em meu pequeno jardim observo alguns animais e fico perplexa ao ver que cada um tem sua personalidade, seu modo de se conduzir, de se comportar, de interagir com a natureza.
Bem ali subindo no galho da árvore uma lagarta verde, cheia de pernas se contorce lentamente à procura de folhas verdes fresquinhas, novas e delicadas para comer. Seu corpo é de uma flexibilidade espetacular e seu contorcionismo é idêntico ao dos artistas de circo.
Fico atenta às borboletas douradas que dificilmente aparecem por aqui. É de extraordinária beleza e sedução. Ficam paradas no ar vibrando as asas, depois voam em outra direção. No mesmo instante, outras borboletas aparecem de cores multicoloridas como arco-íris. Elas chegam exibem suas asas brilhantes e fogem rapidamente.
Mais adiante numa papoula vermelha que acabara de desabrochar, chega um beija-flor faceiro, bate as asas com força que parece até uma música! Fica quase parado no ar e suga o mel da flor mas não se satisfaz, corre a beijar outra papoula amarela. A variedade de cores se mistura, o azul do beija-flor com a cor amarela da flor, as ramagens verdes e outras papoulas vermelhas tudo se combina, tudo se confunde com a natureza do lugar.Tento sair dali, não posso, pois está tudo muito interessante!
Sabe quem chegou de repente? Um velho sapo que meus netos chamam de “cazuza”, todos os dias ele chega passeia em todo o jardim, come alguns mosquitinhos e fica ali parado na beira da água esperando outras presas. “Cazuza” já está velho, há anos que nós o conhecemos aqui entre as gramas e nas plantinhas rasteiras onde os besouros fazem a festa de todas as manhãs.Deixo o velho sapo no seu canto e volto o olhar para o meu gatinho que está quase sentado na mureta do jardim apreciando todo movimento lá em baixo. Seus olhos azuis brilham e sua atenção é tão grande que parece está pensando algo que não sabemos, pois ele não se move, parece uma estátua viva.
Seu nome é Nino, muito meigo e manhoso, não se mistura com outros gatos, parece que é preconceituoso, só porque seu pelo é belo, marrom, sedoso, sua raça é siamês.A sua idade ninguém acredita, mas tem 15 aninhos é muito feliz!
Acho que eu já falei demais. Assim nessa carreira vou longe! Depois conto a história de outros animais.A lagartixa branca, a barata cascuda, a perereca rosada, e as abelhas africanas no caramanchão.Os sapinhos filhos do “cazuza”, só chegam à noite para divertir a criançada.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

PASSEIO NA SERRA

( Gracinda Calado )
No casarão do sítio a vista era maravilhosa.!Enquanto na serra se avistava uma cordilheira de picos, cada qual, mais alto entre os rios da região.
O que a vista alcançava, o verde predominava naquela manhã de verão.
O sítio são Francisco era um paraíso! Na época de safra boa, a cana era levada para o engenho para fazer rapaduras.
Enquanto a garapa escorria no engenho, bebíamos aquela gostosura, mais doce que o mel que saía das caldeiras quentes.
À tardinha íamos apreciar as cachoeiras que caiam em vários lugares, abertos aos que delas quisessem aproveitar o banho maravilhoso!
Muitas surpresas nos guardava o dia a dia lá na serra!.
Pela manhã, o frio não deixava que acordássemos cedinho para ver o sol nascer nos montes enfileirados.
Depois do café, vestíamos nossa roupa de banho e saíamos rumo aos poços de águas cristalinas para o banho.
A volta era triste, no caminho , enfrentávamos as pedras e os espinhos que geralmente só andávamos descalços.
Como era boa essa aventura! Melhor ainda era subir nas goiabeiras e retirar dali o fruto maduro.
Depois as siriguelas, tirados do pé, geladinhas pela própria natureza!
A maior curiosidade era assistir as rapaduras saírem das “ gamelas”, ainda quentes, já queríamos comer.
Corríamos de lá pra cá , na estrada do engenho para ver quem chegava primeiro em casa e se fartar com aquele balaio de frutas fresquinhas: laranjas, bananas, goiabas, siriguelas, tangerinas, abacates.
Uma verdadeira maravilha!
A noite chegava cedo, na serra; alegrava-nos a orquestra improvisada das cigarras, que cantavam fazendo grande barulho para nós.
A serra toda rezava às seis horas das ave-marias, e se ouvia os murmúrios das árvores e dos pássaros, procurando seus ninhos para dormir.
Ficávamos ali, quietinhos, calados sem saber o que dizer, maravilhados com aquele mistério da natureza.
Nossos corações batiam fortes e se uniam a tudo aquilo naquela hora mágica!
Logo chegou a hora de dormir e descansar das aventuras do dia que passou!

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO/ 7 de Outubro

(Lembranças de Baturité)
Gracinda Calado
Tinha apenas nove anos, quando eu morava na Av. Proença, próximo a Igreja de Nossa Senhora do Rosário.
Era uma igreja antiga, de arquitetura colonial, muito simples, mas suas imagens eram lindas. A imagem de Nossa Senhora era esplêndida e ao mesmo tempo muito simples, talvez pela simplicidade da santa com o menino Jesus nos braços e um rosário nas mãos.
Sempre que a igreja estava aberta eu corria até lá para apreciar Nossa Senhora, e o seu olhar brilhante e transparente, para o menino Jesus.
Dificilmente celebravam missa lá, quase sempre estava fechada.
Ela ficava bem no centro de uma avenida, onde transeuntes passavam e carros faziam retorno em torno dela para protegê-la. Sinto saudades daquele tempo, quando no dia 7 de outubro os padres celebravam missa e a igrejinha ficava aberta para admiração de todos.
Um dia qualquer, não me lembro exatamente a data passei e a igrejinha não estava mais no lugar. Só havia um amontoado de entulhos de tijolos.. Fiquei aflita “quem fez essa maldade”, repetia várias vezes, ninguém me dava explicações. Como dar explicações a uma garota de nove anos?
Nossos pais se mudaram para outro bairro, bem distante do centro onde havia a igreja do Rosário. Alguns anos depois, houve uma campanha no meu bairro para a construção de uma Igreja. Era no bairro das Lages.
Meus pais se empenharam muito na construção da Igreja, que seria muito importante para aquela comunidade. Enfim chegou o dia da inauguração da Igreja. Toda nossa família estava presente na solenidade e na missa.
Eu já era mocinha, tive uma grande surpresa, que jamais me esqueci.
Olho para o altar e reconheço a santa que tanto eu amava com o menino nos braços e o rosário. Chorei de alegria e senti uma emoção tão grande!
Pensava que não encontraria mais aquela imagem que para mim era uma recordação da minha infância. Pedi explicação ao meu pai. Ele explicou-me que a Igreja de antes, estava deixando em risco os que por ali passavam de carro, pois sua localização era muito antiga e a cidade se preparava para o progresso e o desenvolvimento. Fiquei feliz, pois a santa veio ao meu encontro.
Hoje não moro em Baturité, minha terra natal, mas a igreja de Nossa Senhora do Rosário continua lá, no bairro das Lages, esperando pela minha visita, cada vez que vou a Baturité.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

À MARGEM DO RIO. (LEMBRANÇAS DE BATURITÉ)

Gracinda Calado

O rio passava ao lado de nossa casa. Ele já fazia parte de nossa vida. Ao acordar ouvíamos o barulho que vinha de lá e o seu gemido era de dor e desespero. A violência das águas nas pedras jogava-as nas alturas, como se fossem subir ao céu.
Quando a chuva chegava, o volume das águas aumentava e ia destruindo tudo pela frente. Muitos animais eram arrastados pelas correntezas, pessoas se acidentavam caindo nas pedras, e em outras situações houve casos de mortes.
Apesar de tudo o espetáculo era majestoso! Quem não gostava de apreciar a natureza fazendo festa a qualquer hora manifestando sua força e coragem! Crianças afoitas se jogavam nas águas barrentas do rio, e desesperadas se agarravam a qualquer coisa para não morrerem.O pontilhão da estrada, que passava sobre o rio, ficava coberto de árvores e galhos, pedaços de madeiras que desciam das encostas das nascentes, vindos da serra, e outros que se amontoavam em diversos lugares do rio enrolados em cipós, arames, bambus, tragicamente davam proteção aos ‘corajosos’.
Havia épocas em que desfrutávamos dos banhos como praias de areias brancas, e os frutos maduros caiam do pé dentro do rio e nós nadávamos até eles para disputar “quem primeira chegar ganha a fruta madura”. Todos se interessavam para saborear os cajus vermelhos caídos do pé. Sem falar nas manguitas amarelas, cheirosas e doces, das árvores plantadas às margens do rio das Lages.
Na época de águas baixas, a pesca do camarão animava as crianças para a pescaria, depois os coitados eram assados e comidos no mesmo lugar do abate. Tempo bom aquele, em que tudo se fazia na natureza e não destruíamos seus valores, pois tudo era observado pelos nossos pais.
No tempo de férias convidávamos os colegas para as brincadeiras no sitio, os banhos de rio, a caça aos passarinhos, e a gostosa pescaria de camarões.
Quantos sonhos passaram por nós, quantas gargalhadas, quantas brincadeiras, quantas alegrias encheram de emoções nossas vidas!