DIVINO ESPÍRITO SANTO DE DEUS!

Divino Espírito Santo de Deus, que derrama sobre todas as pessoas as graças de que merecemos, hoje e sempre nos acompanha nas trajetórias de nossas vida. Amém.

domingo, 30 de maio de 2010

SERRA VERDADEIRA



SERRA VERDADEIRA


GRACINDA CALADO



Lá onde o sol nasce cristalino cobrindo os montes altaneiros durante todo o ano, apesar das noites frias das invernosas, as manhãs são cálidos suspiros em nossa alma.


Só quem viveu a tranqüilidade desse lugar tão lindo, conhece a tela mais bela de toda a natureza, permeada de cores multicores e de flores de espécies raras.


Nas cabeceiras , de longe se ouve o murmúrio dos rios que ao descerem se jogam sem medo nas correntezas das cachoeiras das serranias. O seu murmúrio é como um aviso aos que por ali passam, que a natureza ali impera e sua alma se rende aos encantos da beleza.


Nas árvores entrelaçadas de cipós, as flores coroam a serra inteira como noiva pronta para o altar.


Serra Verdadeira”, é o seu nome, cheio de malícia e de beleza, ostentação e perfumes nos cafezais floridos de frutinhas vermelhas, que mais tarde se tornarão a bebida mais consumida da região, o saboroso café, torrado com rapadura e pilado no pilão de pedra, desde os tempos dos escravos.


A cana de açúcar compartilhou com o café, plantados nos grandes sítios,nos grandes alagados e nas baixas das margens ribeirinhas dos rios. Dos braços fortes dos trabalhadores e dos pares de juntas de bois que puxavam a moenda nos engenhos, transformavam-se em doce e mel, a rapadura e o açúcar para adoçar a vida!


Serra Verdadeira” de onde sai o gosto mais saboroso das frutas tropicais, que alimentam os animais nativos, os pássaros que cantam alegremente no topo das árvores mais altas da serra e os passarinhos que gorjeiam nas campinas frescas verdejantes da região serrana.


O frescor de seu clima enche o nosso peito e refresca nossa alma, na sensação do corpo o arrepio do frio que sutilmente se instala em nossa pele.


Tudo é tão natural, tudo é tão gostoso, viver no paraíso onde o sol faz parceria com a lua e deixam que a natureza viva intensamente e transborde em paz tudo que precisamos para viver! “Serra verdadeira”, é o seu nome: BATURITÉ!

sábado, 22 de maio de 2010

INVERNO NA SERRA


INVERNO NA SERRA
Gracinda Calado

Seis horas da manhã, o sol ainda se esconde atrás das montanhas que fazem o Maciço.
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A chuva cai silenciosa, pertinente, encharcando toda a terra.
De longe se avista uma cadeia de ondulações que enchem os olhos da gente.
Tudo se afasta de nós quando a chuva apressa-se em cair mais forte.

As ladeiras são desafiantes aos que passam naqueles lugares lisos como sabão.
As frutas ficam encharcadas penduradas nos galhos das árvores esperando o sol.
Tudo desaparece de nossa visão encoberto pela serração do lugar
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Os rios transbordam em agonia louca, devorando tudo que se esconde em suas margens.
A travessia é difícil de fazer e a chuva não para de cair
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Trovões soam como estouro e o eco responde do outro lado da serra.
Raios cortam os céus iluminando tudo por um momento.

Em casa a gente se esconde nos cobertores e a temperatura é de 0°c.
Para amenizar o frio um bom café ou uma xícara de chocolate ainda na cama.

As horas passam. Meio dia ainda tudo escuro, como se o céu fosse todo desabar.
Uma pequena bola de luz aparece tímida e logo escurece novamente.

Nas árvores as borboletas e as cigarras se escondem. Os pássaros esperam a estiagem para sair dos seus ninhos. Nas grutas escuras os morcegos se inquietam para esquentar o frio daquela noite que se aproxima.

terça-feira, 4 de maio de 2010

MINHA QUERIDA CIDADE: BATURITÉ!



MINHA QUERIDA CIDADE: BATURITÉ!


Gracinda Calado


Quase escondida em um canto da seara, ela está altaneira, garbosa, elegante,


Tal uma noiva à espera de seu noivo.


Durante toda a sua vida espreguiçou-se para o sol e debruçou-se nos braços da lua.


Sua beleza aparece permeando as serranias onde o verde é mais verde


Que os papagaios e os periquitos,


Que dançam nos galhos das árvores.


Seu perfume é o das rosas e dos jasmins silvestres;


Ornada de girassóis e belos canaviais deixa exalarem o odor do campo e dos laranjais.


O extrato que escorre de sua seiva cheira a café, fruta madura dos deuses,


Abençoada pelos seus colonizadores que não se cansaram de plantar os seus grãos.


Cidade dos meus sonhos e das minhas paixões de criança e adolescente;


Que me viu nascer e crescer nos braços das madrugadas frias.


Seu cantar é de amores que se foram e que irão, fazendo o ciclo perfeito da vida.


Mulher forte e corajosa de lindas histórias e de alegres lembranças.


Cidade dos meus encantos e das minhas recordações.


Oh Luar belo! Mais que belas são suas noites enluaradas parecem noivas


De véu e grinalda brancos no altar de Deus!


As estrelas de seu céu brilham mais que os olhos dos animais de suas matas e de suas encostas verdejantes.


O seu gosto é o das frutas mais gostosas dos pomares e dos mananciais floridos.


Baturité, cidade querida e amada pelos seus filhos e por todos aqueles que aprenderam a amá-la!

sábado, 1 de maio de 2010

NEM MESMO A SOMBRA...FICOU PARA NÓS.



NEM MESMO A SOMBRA DE SUAS PAREDES FICOU PARA NÓS.


Gracinda Calado


Do alto um clarão aparece no céu! Sombras de nuvens se espalham como antigamente, sinto o cheiro forte de jasmins floridos e o jardim já não existe mais, nem as roseiras de minha mãezinha!


O sopro do vento e o barulho das águas do rio não morreram ainda. As pedras rolam sem parar a procura de um lugar no leito acidentado do rio.


A velha ponte cheia de cicatrizes, sinais do tempo que passou, ainda está lá no mesmo lugar em que à tardinha eu passeava despreocupada, aos olhos de meu pai, que ficava de longe a me olhar e olhar o rio que passava preguiçoso em pleno mês de abril.


Da murada forte e ainda branca com sinais de abandono, o silencio calou minha voz pelo pranto que fluía dos meus olhos e fechava minha garganta sem controle e sem piedade segurando minhas lembranças dos sorrisos da meninada que corria no largo corredor depois da sesta, enquanto meu pai fumava um charuto, ouvindo o rádio e as canções do tempo que passou.


Fortes lembranças das amigas quase da mesma idade que a minha, brigavam para passar uns dias em minha casa e saborearem as frutas maduras que caiam do pé ainda cedo e beberem o gostoso leite mugido no curral.


Velha casa das minhas recordações, não teve a sorte de ficar de pé, tombou ao sopro do destino cruel depois que fui embora, mas meu coração não tombou com ela, pois ela vive ainda nas minhas lembranças!


Onde estão seus cabelos longos das palhas dos coqueiros centenários?


Onde deixaram seus segredos, seus brinquedos, os pega-pegas, as cirandinhas...


Onde estão os sonhos de criança e de adolescente que marcaram sua vida nos doces pomares de frutas e de flores, abençoados pelas montanhas verdes que se despiam todas as manhãs em frente aos nossos olhos?


Nem mesmo a sombra de suas paredes ficou para nós!


(Memórias de minha terra) www.baturit.blogspot.com